No “Bem-Estar” da última terça-feira (12) Mariana Ferrão entrou ao vivo com uma repórter que estava na casa de uma moradora de São Paulo que teve a casa destruída pelas enchentes.
Visivelmente abalada, a moradora falou sobre o descaso das autoridades após as fortes chuvas, e contou como ela estava se virando após ter a casa inundada. A repórter, seguindo a pauta do “ Bem-Estar ”, perguntou como ela estava higienizando o local, o que levou a mariana de volta no estúdio, com uma especialista falando sobre o assunto.
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Seria interessante, não fosse o tom simplificado. Claro, evitar doenças após uma enchente é uma pauta essencial, mas claramente o assunto era delicado demais para a abordagem feita no momento. De maneira similar, Fernando Rocha chegou a ir para Brumadinho (MG) após o rompimento da barragem para levantar pautas que se encaixassem no programa. De novo, pautas essenciais, mas em vista das tragédias as quais se relacionam, ela parecem má direcionadas e exploratórias.
Num outro extremo dos temas tratados no programa está uma produção itinerante que viaja pelo Brasil e mostra apresentações ao vivo e coloca os apresentadores dançando.
O programa tem uma boa proposta, falar de saúde e incentivar as pessoas a cuidar melhor de si mesmas. Mas ao longo dos anos em que esteve no ar, esse tema se dissipou de formas que o levaram a ser mais reconhecido como piada ou meme do que pela informação prometida.
Programas de nicho naturalmente tem uma audiência menor e mais segmentada, e a atração da Globo não consegue acompanhar o ritmo dos outros programas da manhã. O “Bem-Estar” se tornou um problema tão grande que sua exibição foi cancelada na Bahia, enquanto em alguns estados como Minas e Goiás já não consegue mais liderar na audiência.
Uma reformulação na atração poderia até oferecer uma sobrevida, mas sem Fernando Rocha – que era a alma do programa – e sem interesse do público – de que adianta seguir tentando?
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O que será do “Bem-Estar”?
O programa perdeu o rumo em parte por que gastou seus temas e não soube se reinventar. Mas transformá-lo em um quadro de outro programa, como já foi ventilado anteriormente, também não faria jus à equipe de profissionais dedicados a pesquisar novidades para a atração.
Bem-estar, afinal, vai além da saúde e engloba atividades físicas ou qualquer outra atividade que ajude a saúde mental, autoestima, e uma série de outros fatores que poderiam ser explorados de outra forma. Mas, no geral, a atração em si já não faz mais sentido na grade e deve chegar ao fim.
A Globo está em um grande processo de reformulação com nomes como Fernanda Gentil e Angélica disponíveis para assumir novas atrações. As manhãs da emissora, por muitos anos, foram consumidas por produções voltadas para o público infantil, com a própria Angélica responsável por programas ficcionais.
Buscar o público infantil – hoje completamente afastado da emissora – é uma das opções para o horário. Mas nada impede que o “Encontro” comece mais cedo, cedendo seu horário para uma atração mais popular.
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Não é claro o que será da emissora, que já não tem a soberania na audiência como antes e tudo está em aberto. Mas a repentina saída de Fernando Rocha num “ Bem-Estar ” já bem desgastado mostra que o programa não tem mais futuro na grade da Globo.