“Drag me as a queen” completa um ano na próxima terça-feira (20). Apresentado pelas drags Ikaro Kadoshi, Penelopy Jean e Rita Von Hunty, o programa conseguiu visibilidade desde o início, visto que sua estreia chegou a ter uma audiência equivalente com o carro-chefe da emissora, o “ Keeping Up with the Kardashians ”. Além disso, atualmente o programa está sendo exibido em vários países da América Latina.
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" Drag me as a Queen " consiste em transformar mulheres em drag queens para resgatar o amor próprio e representa um marco na história da televisão e na cultura LGBT: é o primeiro programa da América Latina apresentado por drag queens. Além disso, conquistou exibição em diversos países como Chile, México, Argentina e Colômbia.
Sobre essa conquista, o vice-presidente sênior de marketing digital e criativo do E! , Marcello Coltro, pontuou: “Foi uma surpresa quando levamos o programa para fora do Brasil. No Brasil, já acreditávamos que o programa funcionaria bastante”.
Segundo Coltro, a reação dos outros países acabou surpreendendo: “Foi sucesso absoluto. Elas foram muito bem recebidas e respeitadas. E o que a gente fica mais feliz é de mostrar a arte drag".
Já sobre a relação entre a audiência do programa e a audiência do "Keeping Up With the Kardashians", Marcello declarou: "O programa chegou ao mesmo nível de audiência na estreia. Em alguns episódios ele teve uma audiência similar, e até chegou a ser um pouco superior, mas não foi o tempo todo".
Os dados de audiência do programa foram prometidos pelo executivo à reportagem, mas depois de reiteradas cobranças a assessoria do canal os sonegou e, portanto, eles não aparecem nessa matéria para balizar as colocações dos entrevistados.
As apresentadoras também apontaram empolgação ao se deparar com a visibilidade alcançada: “É resultado de um processo árduo. Todo mundo se dedicou muito para que esse projeto acontecesse”, Rita Von Hunty declarou. Penelopy Jean considera o ocorrido como um sonho realizado: "Eu sempre sonhei em levar minha arte para outras plataformas".
Ikaro Kadoshi apresentou uma visão diferente: "Sempre fui mais preocupado com o fazer do que com as consequências. Todas as consequências positivas, como a audiência, são incríveis. Mas o principal é que continuemos focando em transformar a vida daquelas mulheres".
A segunda temporada já foi gravada e será lançada em março do ano que vem, tendo exibição simultânea no Brasil e em outros países da América Latina. Seu último episódio traz a transformação de alguém famoso, levando ao spin-off, voltado a transformar celebridades.
“Drag me as a Queen” e o impacto na própria cultura drag
A cultura drag tem sido vista cada vez mais no Brasil em áreas do entretenimento, como a música e a televisão. Esse programa, que gira em torno justamente das drags, ajuda a apresentar essa arte às pessoas do País. "O que fazemos é a pedra fundamental da trajetória drag. Estamos mostrando ao mundo que drag não é só imagem, mas também discurso. Se você se veste de homem ou mulher, isso não influencia em quem você é", Rita apontou.
"Pela primeira vez três drags estão tendo oportunidade de ter voz na televisão e desmistificar a figura drag. As pessoas muitas vezes não entendem do que se trata uma drag queen", Penelopy apresentou seu ponto de vista.
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De acordo com Ikaro, algo que traz orgulho em participar do programa é o fato de dar voz a esses artistas: "O mais bacana quando a gente fala com outras drags é a questão da voz. A drag não é uma coisa recente. Vem da Grécia. A gente sempre existiu. Mas é como se a gente nunca tivesse existido. O programa começa a quebrar o estigma que as pessoas têm sobre as drags".
Quando o público vê um programa apresentado por drags, começa a entender o funcionamento dessa própria forma de arte. E um meio poderoso de quebrar preconceito é justamente passar a conhecer. Entender melhor do que se trata.
Uma diva dentro de mim
O foco do programa é transformar uma mulher em drag não só na estética, mas também pelo emocional. Cada episódio traz uma história de vida de uma mulher que decide entrar no reality para se reencontrar e para se libertar. As apresentadoras revelaram que algumas participantes chegaram até a desfazer casamentos por estarem infelizes, por exemplo, depois de recuperar o amor próprio por meio da ajuda do programa.
"A transformação não fica apenas na tela do programa. É muito maluco saber que a gente pôde de alguma forma participar dessa experiência que propiciou que algumas mulheres dessem uma guinada em suas vidas", Rita ressaltou.
Para Penelopy, essa transformação chega a ser um ato de gratidão: "A gente costuma falar que o programa é nosso muito obrigado a todas as mulheres. Nada existiria sem as mulheres, que são as donas desse mundo", declarou.
O programa também acaba servindo de inspiração para as mulheres que assistem, uma vez que veem as participantes experimentando uma arte que por si só já é um sinônimo de liberdade e empoderamento.
Ikaro também trouxe sua interpretação sobre a intenção por trás do reality: "O programa é uma discussão sobre a existência do ser. E é o que está faltando hoje em dia. A gente discutir sobre empatia, se colocar em uma história diferente da sua".
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Para Marcello Coltro, a verdadeira mensagem por trás do programa é que “cada um de nós tem uma diva dentro de si”, algo que está explícito inclusive no nome da produção, “ Drag me as a queen : Uma diva dentro de mim”.