A Globo explorou um fenômeno curioso em “Segundo Sol”: a Bahia é tão pequena que o mesmo homem branco é pai de três pessoas de diferentes núcleos na trama. Logo no começo sabemos que Edgar (Caco Ciocler) é filho de Severo Athayde (Odilon Wagner) e vive com ele em sua mansão.
O empresário, porém, tem um filho bastardo, Roberval (Fabrício Boliveira) que é criado apenas por sua mãe, empregada da casa. É essa difícil relação com a família que faz Roberval sumir e reaparecer anos depois rico e com sede de vingança em " Segundo Sol ".
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Mas, com o fim da novela próximo, descobrimos também que ele é o pai de uma das vilãs da trama, Karola (Deborah Secco). O empresário corrupto tem uma relação de longa data com Laureta (Adriana Esteves) que por vezes parecia inexplicável. Ela já o extorquiu prometendo contar seus podres, e até se uniu a Roberval para tentar derrubá-lo.
Agora, a misteriosa relação dos dois faz mais sentido quando sabemos que eles tiveram uma filha que largaram em um orfanato. O problema é que, para um personagem mal aproveitado e pouco interessante, Severo parece extremamente fértil e mais: o personagem “coringa”, que aparece toda vez que alguém precisa de um problema paterno.
As relações de Severo em “Segundo Sol”
Não é difícil de imaginar um empresário com uma prostituta, portanto a relação de Severo Athayde com Laureta é a mais crível. Ele, porém, escolhe uma boa mulher para se casar e tem uma “família de margarina” com Claudine (Cássia Kiss), com quem tem Edgar. Na casa trabalha Zefa (Claudia Di Moura), com quem o patriarca teve um caso que gerou Roberval (e depois, descobrimos, Edgar também!!!).
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Todas essas histórias fazem sentido, o que não faz é como elas foram desenvolvidas na trama, usando o personagem como muleta para os três filhos. Severo não é o pai mais zeloso do mundo com o único filho que assume, mas decide humilhar a mãe de seus filhos e Roberval o máximo que pode. Declara em inúmeras ocasiões para o bastardo que ele nunca será um Athayde e se une a Laureta para tentar leva-lo para a prisão.
Não tem nenhum traço de macho-alfa (apesar de o ser), pois simplesmente não se importa com ninguém na família. Um homem ganancioso, passou os seis meses que o folhetim esteve no ar em busca de mais dinheiro, apenas para se tornar um homem bondoso nas últimas semanas, colocando até seu sobrenome em Roberval.
Isso, porém, não vai impedí-lo de ignorar a filha Karola quando esta vier lhe pedir ajuda, mostrando que não mudou nada. Os “plot twists” são conhecidos nas novelas de João Emanuel Carneiro, mas Severo parece o personagem “pau para toda obra”. Sempre que a trama fica com um buraco que parece não ter solução, alguém dá mais um filho para o personagem, na vã esperança de gerar algum burburinho.
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“ Segundo Sol ” tem diversos problemas, mas as tramas paralelas pareciam ser um de seus trunfos. Com Severo esse não é o caso, e um núcleo inteiro parece desperdiçado, com a construção de personagens sendo levadas para uma direção durante todo o folhetim, só para serem concluídos sem nenhum cuidado na reta final.