A Globo abriu mais um horário para as novelas as 23h, inicialmente dedicado a remakes de sucessos do passado. Assim, a emissora exibiu com sucesso “O Astro”, “Gabriela” e “O Rebu”. Mas, depois disso, eles apostaram em folhetins autorais que não conseguiram ter o mesmo impacto dos remakes, como é o caso de “Onde Nascem os Fortes”.
A supersérie começou bem com o mistério de “o que aconteceu com Nonato (Marco Pigossi)”, mas as barrigas acabaram atrapalhando o andamento de “ Onde Nascem os Fortes ”. Patrícia Pillar, Alexandre Nero, Fábio Assunção e Débora Bloch tiveram boas performances, dentro de personagens rasos ou contraditórios.
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Até agora, o único texto autoral que foi realmente um sucesso no horário foi “ Verdades Secretas ”. Criada por Walcyr Carrasco, a trama sobre o “book rosa” conquistou aquela rara combinação de agradar público e crítica, e foi muito comentada, mesmo por quem não acompanhava com afinco.
“Os Dias Eram Assim”, que tinha sido escrita inicialmente como uma novela das 18h, não se adaptou bem para o horário e sofreu várias mudanças até chegar ao final. Agora, a novela que se passa no sertão soma boas atuações com uma bela fotografia, mas talvez servisse melhor como série.
Núcleos esquecidos de "Onde Nascem os Fortes"
Com muitos atores de renome, o folhetim não soube aproveitar todos. Camila Márdila, Irandhir Santos e Maeve Jenkins, por exemplo, não tiveram destaque na trama envolvendo o Lajedo dos Anjos. O personagem de Lee Taylor, Simplício, vendido como um homem com “passado misterioso”, hora ajudou Maria (Alice Wegmann), hora se envolveu com Rosinete (Débora Bloch), antes de mostrar seu lado obsessivo e tentar, de todo jeito, conquistar Maria de volta.
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Outro personagem que foi desenvolvido de uma maneira e num arroubo de bipolaridade se transformou foi Pedro (Nero). Tido como principal suspeito da morte de Nonato, ele foi desenvolvido como um homem autoritário e de índole duvidosa. Agora, porém, se transformou em alguém sentimental e benevolente. As novas atitudes acabaram causando estranheza, pois não condiziam com a maneira como o personagem foi apresentado até então.
Ramiro (Assunção), por exemplo, apesar de não ser tão bem elaborado, foi coerente ao longo de toda a trama. Fábio Assunção está bem no papel, apesar do péssimo sotaque, e o personagem manteve a ambiguidade do começo ao fim.
Destaques positivos
Além da bela fotografia, a supersérie acertou na trama principal e em apoiar suas forças em Patrícia Pillar. Mulher com um passado misterioso, ela vai se abrindo se expondo de maneira progressiva por toda a história, até chegar a revelação final de que ela não é a mãe biológica de Maria e Nonato.
Outro destaque é Jesuíta Barbosa. A trama de Ramirinho, que se transforma em Shakira do Sertão para se apresentar, também não entregou o prometido, mas pelo menos serviu como palco para o imenso talento do ator.
Por fim, o maior destaque da supersérie é Alice Wegmann. Depois da fraca participação em “A Lei do Amor” (não por culpa dela, mas pelo texto horroroso), Alice e sua Maria brilharam absolutas. Ela se despiu de qualquer vaidade para criar uma personagem crua e ao mesmo tempo cheia de sentimentos. Se na superfície a história gira em torno do sumiço do irmão, é Maria que atrai tudo e todos a sua volta.
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No fim, “ Onde Nascem os Fortes ” é uma novela esquecível com atuações memoráveis. Por conta disso, ela não pode ser classificada como ruim, mas dado o histórico do horário, parece que a emissora tem perdido a mão nas últimas tentativas.