Fazer novelas diferentes não é tarefa fácil. Alguns temas podem se repetir tanto a ponto de se tornarem clichês , como o golpe da barriga, golpe do baú, casamento no último capítulo, entre outros. Sendo assim, os autores cavam fundo para buscar inspirações e, recentemente, parece que as produções internacionais têm sido uma boa fonte para a dramaturgia nacional.
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“ Orgulho e Paixão ”, que estreia na próxima terça-feira (20), é uma das novelas inspiradas nesses produtos. O folhetim se baseia em algumas obras de época de Jane Austen , a principal delas sendo “ Orgulho e Preconceito ”. No original, que virou um filme estrelado por Keira Knightley em 2005, conhecemos a família Bennet, formada por um casal e suas cinco filhas. De origem humilde, eles tentam arranjar bons casamentos para as herdeiras, evitando assim acabar na pobreza. As cinco meninas têm personalidades bem distintas, principalmente Elizabeth, que se recusa a seguir padrões e fala na lata o que bem entende.
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Na versão brasileira, a família se torna Benedito, formada pelas irmãs Elisabeta ( Nathalia Dill ), Jane (Pamela Tomé), Cecília (Anaju Dorigon), Lidia (Bruna Griphao) e Mariana (Chandelly Braz), além do casal Felisberto (Tato Gabus Mendes) e Ofélia Benedito (Vera Holtz). A história se passa no Vale do Café do início do Século XX e o pontapé inicial é a chegada de dois rapazes solteiros e ricos a região: Darcy Williamson (Thiago Lacerda) e Camillo Bittencourt (Maurício Destri).
Referências
Escrita por Marcos Bernstein e Victor Atherino, a novela é assumidamente inspirada em “Orgulho e Preconceito”, tomando como referência os personagens principais e a paixão entre Elizabeta e Darcy, para então desenvolver o folhetim.
Mas, essa não é a primeira obra a buscar referências de outros produtos. Aliás, das quatro novelas nos horários principais da Globo , apenas “O Outro lado do Paraíso” não tem uma inspiração direta declarada.
As 19h, “ Deus Salve o Rei ” se inspirou em outra obra completamente diferente: “ Game of Thrones ”. Apesar de inicialmente negar a referência, a direção da novela acabou assumindo, durando a CCXP 2017, que a obra da HBO serviu como base para alguns aspectos, como a estética, figurino e características de personagens.
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Formato
No entanto, não é só o estilo ou a estética que inspiram as produções nacionais . O formato de uma produção também foi adaptado de um modelo internacional, dessa vez na nova temporada de “ Malhação ”. “Vidas Brasileiras”, que estreou em março depois da elogiada “Viva a Diferença”, é baseada na série canadense “ 30 Vies ”. Também diária, a produção canadense retrata a história de diversos alunos de uma escola, sempre através do olhar de sua professora.
Aqui, Camila Morgado é Gabriela, professora muito querida de um colégio de elite carioca que implanta um novo sistema de bolsas, possibilitando a entrada de alunos carentes na escola. Pelo olhar da professora, acompanhamos por etapas a vida de cada aluno, sempre destacando um por vez.
Mudanças
A ideia, contanto que ajustada para a realidade brasileira, não é ruim. Ao adaptar produtos já consagrados lá fora, a emissora já conta com um público mais disposto. Isso não significa que o sucesso é garantido. “Deus Salve o Rei”, por exemplo, não agradou tanto, principalmente a personagem de Marquezine, claramente inspirada na Rainha Cersei (Lena Headey). Mas, caso funcione, pode oferecer um novo olhar para as novelas nacionais, evitando os velhos clichês.
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