A última temporada de “Malhação: Viva a Diferença” chegou ao fim, mas deixou muitas lições. Com média geral de 20 pontos em São Paulo e 23 no Rio, a temporada que tinha como subtítulo exaltar as diferentes personalidades, fez jus ao que propôs desde o início: abordar temas que ainda são tratados como tabu na sociedade e reiterar assuntos que muitas vezes passam despercebidos ao nosso olhos.
Leia também: “Malhação” não foge de temas polêmicos e devolve relevância para a novela
A temporada "Malhação: Viva a Diferença"
apresentou temas como preconceito racial e econômico, empoderamento feminino, sororidade, vícios, assédio sexual e psicológico, bullying, liberdade de expressão e amizade.
Leia também: Camila Morgado é o fio condutor da nova temporada de “Malhação”
O iG Gente listou 10 lições deixadas pela temporada de "Malhação Viva a Diferença”:
1 . Empoderamento feminino
As "five" (Keyla, Ellen, Lica, Benê e Tina) deram uma lição a todos quando o assunto foi empoderamento feminino. As personagens fizeram questão de levantar essa bandeira em diversas situações.
Keyla (Gabriela Medvedovski), em diversas ocasiões, fez questão de mostrar confiança em discussões sobre os padrões estéticos impostos na sociedade e jovens que são mães na adolescência, mostrando garra e maturidade para enfrentar os desafios. Ellen (Heslaine Vieira), a jovem negra da periferia enfrentou situações dificílimas de preconceito e agressão, mas, desafiou a si mesma para conquistar um espaço não só entre os homens, mas também na sociedade.
Tina (Ana Hikari) deixou claro que as meninas são donas do seu corpo, tem vontade própria e não precisam depender do sexo oposto para conquistar seus objetivos. Lica (Manoela Aliperti) levantou a bandeira do empoderamento feminino por onde passou, mostrando que as mulheres também tem a opção de escolher com quem querem ficar. Já Benê (Daphne Bosaski), mostrou que mesmo com sua dificuldade de interagir com outras pessoas, as mulheres são sensíveis e fortes. As "five" mostraram que as mulheres, desde jovens, são fortes e inteligentes o suficiente para conquistar o seu espaço seja aonde for.
2 . Racismo
Mais uma vez, o racismo foi tema de uma das vertentes da trama. Os personagens Ellen, Anderson (Juan Paiva) e Fio (Lucas Penteado) lutaram contra o preconceito racial e econômico durante toda a novela. Os personagens mostraram que muitos jovens, principalmente os de periferia, sofrem constantemente preconceito racial na escola, na rua ou no seu lugar de trabalho. Outro ponto apresentado sobre esse assunto foi à volta por cima dos personagens, que tiveram o incentivo de amigos e familiares para conquistar os seus objetivos, mostrando que a cor da sua pele não resume quem eles verdadeiramente são.
3. Edução brasileira
“Malhação Viva a Diferença” fez questão de mostrar o abismo que ainda habita na educação brasileira entre escolas públicas e privadas. Os jovens de escola pública enfrentavam problemas como a ausência de recursos e incentivo público, falta de material e estrutura precária. Já os jovens da escola particular tinham o oposto, porém sofriam com o autoritarismo e falta de liberdade de expressão.
Claro, a trama não apresentou só o lado negativo da escola pública, também apresentou pessoas dispostas a ajudar a fazer a diferença, a comunidade integrada com os alunos e professores, e boas ideias para que todos pudessem conviver em um ambiente melhor. A trama também mostrou a união dos alunos das duas escolas, criando projetos que beneficiavam os dois lados.
4. Assédio
O assédio sexual e psicológico foi um dos temas mais delicados dessa temporada. A personagem K1 (Talita Younan) passou por um episódio de assédio sexual que mostrou a realidade de muitas meninas brasileiras. A personagem procurou a diretora do seu colégio para contar sobre o assédio que sofria do padrasto, contou como os episódios de assédios progrediram e no meio, chega a pedir desculpa pelo ocorrido.
O desenrolar da história mostrou o que também acontece com frequência na vida de muitas jovens que são abusadas: a mãe, mesmo após a denúncia, se recusar a se separar do abusador ou acreditar que ele seria capaz de fazer algo do tipo e acaba expulsando a filha de casa. A trama mostrou a importância do apoio da família e de outras mulheres, mostrando que a vítima não deve se sentir culpada.
Leia também: Violência e sexo provocam mudança na classificação etária de "Deus Salve o Rei"
5. Bullying
Em diversos momentos da trama, os jovens tinham que lutar contra o bullying praticado dentro e fora da sala de aula. "Malhação Viva a Diferença" trouxe personagens que representam o dia a dia de muitos adolescentes e jovens, que lutam contra os padrões impostos pela sociedade. A novela mostrou como os jovens devem se impor diante dessa situação e não revidar na mesma moeda.
6. Opção sexual
As personagens Lica e Samantha (Giovanna Grigio) e Gabriel (Luis Galves) lutaram contra o preconceito, reafirmando que toda a forma de amor é aceita, não importando qual é sua opção sexual.
Gabriel lutou contra o preconceito constantemente por ser um jovem gay. A novela teen representou o que acontece com muitos gays: bullying, agressão psicológica e física! O apoio da família e dos amigos foi fundamental para lutar contra o preconceito e ensinar quem está a sua volta, respeitar as diferenças.
7. Sororidade
Essa foi a palavra para definir o relacionamento das "fives". As amigas se apoiavam a todo o momento e enfrentavam juntas diversos problemas. Um dos temas que levou as amigas a praticarem a sororidade foi a convivência com Benê, a personagem tinha Síndrome de Asperger e levava o rótulo de "esquisita". As amigas ajudavam Benê a enfrentar situações simples, mas que aos seus olhos, eram extremamente difíceis.
A sororidade entre as meninas foi mais uma das formas de demonstrar a importância das mulheres se apoiarem e lutarem juntas contra o machismo e preconceito.
8. Liberdade de expressão
"Malhação: Viva a Diferença" apresentou a importância da voz dos jovens na sociedade! Os jovens também são formadores de opinião e tem ideias que podem contribuir em diversas áreas. A novela fez questão de ressaltar a relevância de ouvir e incluir os adolescentes e jovens em debates, principalmente na educação. A liberdade de expressão foi apresentada em forma de protestos pacíficos, textos e conversas, em que os jovens defendiam sua posição perante a situação.
9. Conviver com as diferenças
O ponto central da novela foi celebrar as diferenças e particularidades entre os personagens, ressaltando que cada jovem pensa e age diferente diante as situações, tem vidas completamente opostas, mas convivem com harmonia, respeito e carinho. Conviver com seus defeitos e qualidades, e conviver com os defeitos e qualidades dos outros, é conviver respeitando a diferença e o limite de cada um. A abertura da novela também fez questão de ressaltar a diferença: Negro, branco, rico, pobre/ O sangue é da mesma cor/ Somos todos iguais/ Sentimos calor, alegria e dor ("Bate a Poeira", Karol Conka).
10. Amizade
A última e não tão menos importante lição deixada por "Malhação Viva a Diferença" é a amizade. Amizade entre pessoas de diferentes mundos, com vidas economicas extremamente diferente, opção sexual, cor, pensamentos, nada disso impede que pessoas possam construir uma amizade baseada em respeito mutuo, carinho e admiração!
Nova temporada
As expectativas para a próxima temporada de "Malhação: Vidas Brasileiras" é que ela siga com a mesma influência e força que "Malhação: Viva a Diferença", apresentando temas fortes e necessários para o debate na sociedade, que os jovens sintam-se representados pelos personagens e que possam novamente ressaltar assuntos que são tratados como tabus ou esquecidos.
Leia também: Com nude, violência e corrupção "Malhação: Vidas Brasileiras" estreia com tudo