A história do médico Roger Abdelmassih não é das mais fáceis de digerir: ele foi acusado de estuprar mais de 30 pacientes enquanto elas estavam sedadas para atendimento clínico. Depois de perder a licença para praticar medicina, ele foi sentenciado a 181 anos de prisão. O caso, que teve grande repercussão na mídia, segue sendo assunto, já que hoje ele vive em prisão domiciliar por conta de sua saúde. Agora, seu caso vai virar tema de “Assédio”, nova série da Globo .

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Antonio Calonni viverá Roger Abdelmassih, médico acusado de estuprar diversas pacientes enquanto estavam sedadas
Divulgação/TV Globo
Antonio Calonni viverá Roger Abdelmassih, médico acusado de estuprar diversas pacientes enquanto estavam sedadas

Sem se poupar das polêmicas, a emissora escolheu a história cabeluda, baseada no livro “A Clínica – A farsa e Os Crimes de Roger Abdelmassih ”, escrito por Vicente Vilardaga. “ Assédio ” terá Antonio Calloni no papel principal, e deve contar a história das vítimas junto com a do médico. Nomes como Moniza Iozzi, Adriana Esteves e Felipe Camargo devem participar da produção, que iniciou as gravações recentemente.

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Polêmica

O “timing” da Globo não poderia ser melhor (ou pior). Dadas às devidas proporções, esse ano a emissora se viu pressionada a lidar com o assédio de um dos seus funcionários, José Mayer, depois que uma reunião entre atrizes gerou comoção com a campanha “Mexeu com uma, mexeu com todas”. O ator foi afastado (o que não significa muito), mas a figurinista assediada por ele, Susllen Tonami, deixou claro que já havia feito uma denúncia no departamento de recursos humanos da empresa, sem resposta.

Não só isso, debates que ficavam de fora ou eram pouco destacados da dramaturgia da emissora tem ganhado o palco em 2017, desde que “A Força do Querer” expôs uma série de protagonistas mulheres que roubaram a cena na televisão. Com a nova série, a emissora mostra mais disposição em explorar temas complicados, do que simplesmente ignorá-los.

Ousadia

Dirigida por Amora Mautner (“Avenida Brasil”) a série é uma proposta ousada da emissora, não só no tema espinhoso, mas no formato e localização. “Assédio”, diferente de outras produções que chegam primeiro no GloboPlay e depois vão para a TV, não será exibida nas telinhas. A série é exclusiva para um novo serviço de streaming, ainda sem nome, que a emissora deve lançar em breve.

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Renato S. Cerqueira/Futura Press

Série é inspirada na história do ex-médico Roger Abdelmassih

Apesar da GloboPlay continuar no ar, a plataforma ainda não emplacou como uma fonte de conteúdo exclusivo, mesmo exibindo diversas produções que não foram ao ar ainda na TV, como “Brasil a Bordo” de Miguel Falabella, ou “Carcereiros”, estrelada por Rodrigo Lombardi. Os internautas até entram na conta de 100 milhões que assistem a emissora diariamente, mas não existem em número substancial para que a Globo rivalize com outros serviços de streamig, como Netflix . A gigante mundial, inclusive, segue apostando em produções brasileiras. Além de “3%”, que terá segunda temporada em 2018, outras duas séries estão sendo produzidas, com elenco que, inclusive, deixou a Globo, ou não assina contratos longos, como Selton Mello. Emanuelle Araújo, Douglas Silva e o diretor José Padilha já embarcaram em produções do streaming.

Agora, a Globo decidiu que é sua hora: “ Assédio ” é a primeira produção no canal que não estará no canal. Claro que, caso surja algum impasse com a nova plataforma, nada impede a Globo de exibir a série na TV, mas esse não é o plano.

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