Roger Gobeth tem chamado a atenção como o dúbio Solis da série "Sem Volta", que termina nesta sexta-feira (20) na Record. O personagem demonstra sangue frio e surpreende a cada atitude, seja abandonando ou salvando os companheiros montanhistas que se perdem na floresta enquanto escalavam o Pico da Agulha do Diabo, perto de Teresópolis, no Rio de Janeiro.
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Em entrevista exclusiva ao iG , Roger Gobeth não esconde a animação, contando como se preparou para o personagem, os perrengues que enfrentou ao longo de quatro meses gravando na mata, as nuances de Solis e a repercussão de "Sem Volta:
iG: Como se preparou para viver o Solis?
Ficamos 20 dias aprendendo as técnicas e a instrumentação básica de escalada, primeiro em uma parede indoor e depois treinamos na Praia Vermelha, onde ficam o Pão de Açucar e a Urca. Ensaiamos as cenas que seriam feitas na pedra, como as de salvamento para que, quando tivesse que ficar pendurado, já soubéssemos o que fazer. Ficamos hospedados de três semanas a um mês em Nova Iguaçu, quando gravamos na Reserva Biologica de Tinguá. Não gravamos em estúdio, só em locações como Casemiro de Abreu, Teresópolis, Correias, Açú, Petrópolis e Pedreira em Guarariba. Isso trouxe mais realismo para a série, que tinha também referências de cinema, com a lente 14 mm de perto, a linguagem da câmera meio como (o filme) 'O Regresso'. Acordávamos às 5h30 e ficávamos até as 16h na mata. Para o meu personagem acontecer era importante uma modificação corporal, então decidi emagrecer e me fortalecer. Dois meses antes das gravações, em novembro de 2015, e durante o período em que gravamos, eu levava minhas coisas de treino e, enquanto todo mundo ia jantar, eu ia para a academia treinar. Foi bem exaustivo.
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Você viu?
Foi difícil compor esse personagem com caráter duvidoso?
O Solis é teve uma vida áspera e é fruto disso: embrutecido, completamente sozinho no mundo, perdeu todas as referências, a crença no ser humano. Ele teve uma vida marginalizada e aparece como um mercenário. Quando é colocado na situação limite de vida e morte, mesmo que sua reação no início seja mercenária de salvar alguém em troca de dinheiro, aos poucos vai entendendo que, fazendo parte de um grupo, ele se fortalece mais. Enquanto alguns personagens ficam malvados ao longo da série, o Solis faz a curva oposta: ele tem um reencontro, um renascimento humano. Essa é a grande poesia dele e foi nisso que me calcei.
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Que perrengues passou durante as gravações na mata?
A equipe de dublê estava sempre ao lado, dando segurança para que a gente pudesse estar lá. Nós que faziamos as cenas de ação, exceto nos momentos de risco extremo. O perrengue todo foi que passamos por todos os climas extremos, pois gravamos do final de janeiro do ano passado até maio: por conta do cronograma, nos dias mais quentes estávamos pendurados nas pedreiras e, quando esfriou, estávamos na Serra fazendo as cenas na água. Teve dia que a gente acordava com 5 graus, às 8h da manhã estava 7 graus, a equipe toda encasacada e nós tínhamos de entrar na água ou pelo menos estar com a roupa molhada por questões de continuidade. Ficar quatro meses dentro de uma mata não foi fácil, mas fizemos a primeira série de ação do Brasil muito bem feita. Foram dias inteiros pendurados a 30 metros de altura, mas sabíamos que era um trabalho ímpar.
Tem sentido a repercussão?
Roger Gobeth: Acompanho muito pelo Twitter. As pessoas se surpreenderam como a gente imaginava e, dentro do nosso possível, a repercussão está ótima! Demos um ganho de qualidade e audiência para a grade no horário. Eu me divirto muito com os comentários e os memes.