"Game of Thrones" descarta "final Disney" com ópera de horror e dor
Por Reinaldo Glioche
| 13/05/2019 12:14:52
- Atualizada às 13/05/2019 12:14:52
Penúltimo episódio da série sacramentou um dos comentários mais poderosos da série sobre os perigos do populismo. Leia a crítica com spoilers
“The Bells”, quinto episódio do oitavo ano e penúltimo de “Game of Thrones” foi uma apoteose de violência, dor e desilusão. Bem à moda da série. Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) montada sobre Drogon queimou toda King´s Lading mesmo depois da rendição das tropas de Cersei (Lena Headey).
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Daenerys Targaryen em cena de 'The Bells', quinto episódio de Game of Thrones
Foi desorientador! Pouco antes, ela já havia sentenciado à morte Lorde Varys (Conleth Hill), que em um gesto desesperado e com quase nada da finesse que lhe caracteriza, tentou convencer Jon Snow (Kit Harington) de que ele era a pessoa certa para sentar-se no trono de ferro. “Game of Thrones”
despediu-se de muitos personagens importantes e nem todas as partidas foram consensuais entre os fãs.
Com apenas um episódio para o fim da série, e maior fenômeno cultural da TV na era da internet, já é possível descartar a possibilidade de um “final Disney”, como muitos temiam e o desenvolvimento irregular deste oitavo ano deixava em aberto.
As perspectivas para o derradeiro episódio são sombrias. O Stark como bastiões morais de uma Westeros prostrada e defenestrada não é uma ideia ruim, e a virada já era perceptível lá na sexta temporada quando começamos a ter as aguardadas reuniões familiares. A maneira como isso será aventado, no entanto, deve ser suficientemente traumática para todos os descendentes de Ned Stark (Sean Bean).
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Adeus a Cersei
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Cersei e Jaime nos momentos finais do quinto episódio de Game of Thrones
Cersei foi esvaziada de poder neste último ano. Embora suas boas movimentações táticas tenham inspirado expectativa por parte da audiência de que ela poderia representar algum risco ao avanço de Daenerys
, este episódio mostrou que isso realmente nunca foi uma possibilidade palpável com um dragão ainda nos céus.
A partida de Cersei polarizou os fãs. Uns acham que ela não foi suficientemente aproveitada na temporada final; outros que ela merecia uma morte mais aterradora. A morte foi aturdida pela iminência e pela falência dos objetivos da personagem. O desmoronamento foi uma metáfora do que vimos acontecer com a casa Lannister nos últimos anos. A morte ao lado de Jaime, que voltou do Norte para morrer ao lado de seu grande amor, reforça a complexidade desses personagens.
O populismo de Daenerys
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Daenerys em cena de Game of Thrones
Se Cersei agia com brutalidade para atender suas demandas táticas, Daenerys sempre agiu com brutalidade pelo fígado. A Targaryen sempre foi muito impulsiva e intempestiva e sentindo-se especialmente acuada foi ainda mais cruel do que Cersei e o próprio pai jamais foram. Nesse gesto que só podemos rotular como enlouquecido, “Game of Thrones” ajusta um de seus comentários mais perenes e poderosos sobre os perigos do populismo.
Daenerys sempre teve um discurso de fácil identificação e sempre escorou-se na legitimidade ao trono, legitimidade esta que ela perdeu antes mesmo de nele sentar-se. Seu discurso, no entanto, foi gradativamente se afastando de seus atos e a intensificação disso se deu no oitavo ano culminando nos eventos desoladores de “The Bells”
.
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“Game of Thrones”
se prepara para um final irascível e polarizador, mas o faz mantendo vivas suas principais características e seu norte narrativo.