O Rei da Noite de "Game of Thrones" vem aí, com seu exército da morte; o aviso está mais pra realidade que pra ficção. Quem vai assumir o trono?
Vai para o trono ou não vai?, perguntava o Chacrinha ao auditório e a todo o Brasil ligado na televisão. Da resposta ao bordão, em clamores imemoriais, dependia o destino dos calouros, cambaios encrencados numa corda bamba de três lados: a buzinada defenestrante, o abacaxi (troféu na forma e na polpa) ou o dito, ou desdito, trono.
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Foi à espera da volta de “ Game of Thrones ”, domingo à noite, que me veio o trocadilho do título aí de cima. Domingo em que, alô alô, ninguém, nem a torcida do Flamengo, queria saber de futebol. Aquele abraço: o Niltão ficou vazio. Tudo que se queria ver, e ouvir, era quem vai para o Thrones e quem não vai.
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Pois o mundo se divide entre quem assiste, e quem não, à epopeia dos sete reinos de Westeros, lugar que, rodriguianamente, é mais Terra que a Terra, pois todos os nossos piores pecados estão lá, peladinhos, no espelho da tela.
A questão de GoT, aliás, é a mesma: quem vai para os sete tronos e, no final, quem vai para o trono dos tronos, espetado de espadas derrotadas. Mais: uma vez lá, saberá unificar a gelada tropicália e estancar a matança?
Enquanto isso, nos tronos do lado de cá do espelho, a aflição é a mesma, só que pior, porque não tem como desligar o canal e deixar para assistir depois no Now: é aguentar o rojão dos déspotas desesclarecidos que vêm ascendendo, sem direito a buzinadas nem abacaxis, aos excelsos tronos da União.
O diabo é que, voltando à série , todo mundo sabe que, pra quebrar tudo, o Rei da Noite vem chegando com o exército dos mortos e arrisca petiscar Westeros depois de arrastar todos os sete povos, com reinos, tronos e tudo, à fria zumbilândia que habitam, pros lados de lá do inverno quase-eterno.
Repetindo e variando, para conferir, sem metaforizar, pois não precisa: “O Rei da Noite vem aí, com seu exército da morte”. Frase sob medida, facinha. Qualquer mortal contemporâneo atento sabe que o aviso está bem mais pra realidade prática imediata que pra fantasia televisiva.
Todo mundo, no Rio, em NY, em Paris, em Moscou, em Roma, em Londres, em Berlim, ou nos confins de todos os interiores, sabe que o Rei da Noite já até chegou. E que, via de regra, os mortos também vão para o trono.
Só que, diferentemente do que se passa em Westeros, onde os exércitos dos vivos se preparam, mal ou bem, para enfrentar os mortos, aqui na Terra ninguém tem a menor ideia de como se defender, ou ao menos atrasar, a sua marcha draconiana.
Westeros é aqui e “o inverno está chegando”, no sentido estrito, mas também no sentido de que entramos, e estamos, numa fria.
Até porque, como foi ventilado numa das falas do episódio inaugural de domingo, um dos bordões da série: “What is dead may never die”: “O que já está morto não pode morrer”.
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Por outro lado, no mesmo episódio, ouvimos um “Nothing lasts” da boca de um monge castrado. O quão castrados estamos ainda é cedo para avaliar, mas que nada dura, ou, caetaneando, nada continua, isso é de uma obviedade que pode ser boa (o mal não perdurará) ou péssima (o pouco que era doce se acabou).