Por que torcer pelo Rei da Noite no último ano de "Game of Thrones"?

Unidimensional, personagem extrapola identificações e é o puro mal. Veja por que faz sentido torcer para o Rei da Noite em "Game of Thrones"

Em uma série de escala tão épica, com personagens tão adensados e profundos, em que os conceitos de bom e mau frequentemente são borrados, a figura do Rei da Noite, em sua unidimensionalidade, é mais do que bem-vinda.

Leia também: Destemida, Arya Stark deu o tom da evolução dramática de "Game of Thrones"

Foto: Divulgação
O Rei da Noite em Game of Thrones

É muito fácil torcer contra o personagem. Silencioso, implacável, perene e potente, o Rei da Noite ameaça os setes reinos e é o inimigo que faz todos os inimigos se aliarem contra ele. Sim, Cersei Lannister (Lena Headey) enxerga na grande guerra uma oportunidade de triunfo, mas essa é mais uma faceta de sua humanidade que provoca tanta identificação. 

O líder dos caminhantes brancos está acima disso. Acima das identificações e preferências. É a noite. A morte. Não cansa e não tem piedade, como brada Jon Snow (Kit Harington) em uma das prévias da última temporada de "Game of Thrones"

Leia também: Como fica o hábito de ver séries depois do fim de "Game of Thrones"?

A ideia de torcer para o personagem pode parecer estarrecedora, mas se nos propusermos a um raciocínio sem amarras será possível verificar bons argumentos. O primeiro, e inegável, é de que a série não caminha para um final feliz. Seria dissonante de toda sua estruturação dramática e narrativa. Nesse contexto, apenas os triunfos de Cersei e o Rei da Noite fariam algum sentido. 

Cersei no trono de ferro ao fim da série, talvez com Euron Greyjoy (Johan Philip Asbaek) ao seu lado, por certo desagradaria muitos fãs. Embora a leoa e uma das protagonistas mais complexas da criação de George R.R Martin tenha seus (muitos) fãs, a grande maioria dos apreciadores da série ficaria descontente com esse desfecho.

Leia também: Caminhos possíveis para a última temporada de “Game of Thrones”

Já o triunfo do Rei da Noite teria um "efeito Thanos" por assim dizer. Com o perdão da ' marvel metaforização ', a vitória do vilão supremo da série teria um efeito democrático e poria fim a era dos homens marcada por grandes guerras, traições, terror e mortes. De quebra, devolveria o problema às crianças, responsáveis diretas pela tragédia dos sete reinos.

Foto: Reprodução/HBO
Rei da Noite em cena da sétima temporada

Este seria um fim correto e anticlimático, ainda que um tanto previsível diante do estado das coisas, e que uniria todas as torcidas em algum nível de desalento. Torcer pelo Rei da Noite , mais do que se posicionar contra um possível "final Disney", como muitos se referem à possibilidade de Daenerys (Emilia Clarke) e Jon reinando ao fim da série, é defender o não desvirtuamento da série e sua capacidade de manter-se altiva diante do assédio dos fãs.

Link deste artigo: https://gente.ig.com.br/game-of-thrones/2019-04-12/por-que-torcer-pelo-rei-da-noite-no-ultimo-ano-de-game-of-thrones.html