Bastidores de Playboy: Carla Perez segura o tchan e Luciana Vendramini chora
"Perdi a virgindade dois anos depois do ensaio", recorda Luciana Vendramini sobre um dos momentos mais icônicos da história da Playboy. Romário de Oliveira conta, ainda, sobre como Carla Perez dançou para o ensaio de capa
Existe fantasia mais arrebatadora que posar nua para uma revista masculina? Na opinião de algumas mulheres, não. Nos meus bons tempos trabalhando na redação de Playboy cheguei a testemunhar isso várias vezes.
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Muitas leitoras de Playboy tirariam a roupa tranquilamente até de graça, só pela vaidade, para aparecer na revista. Chegavamos a receber cerca de 150 cartas de candidatas por mês. Quando havia concurso passava de 5 mil interessadas. Muitas delas foram selecionadas para fazer teste: Nilza Monteiro, a Miss Bumbum e Rose Anne Pimentel (cunhada do então Governador da Bahia ACM) foram aprovadas e saltaram direto para capa. A Nilza foi capa duas vezes, em uma delas como a dona do bumbum mais bonito do Brasil. Outras, estrelaram o pôster, ensaios e seções da revista, felizes da vida!
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Mas, uma coisa é certa: nem tudo são flores na hora da produção de um ensaio fotográfico: há vários sacrifícios para que o resultado seja perfeito e muita boa vontade e compreensão da mulher que está sendo fotografada e claro, da equipe. E quem acha que a vida de fotógrafo de mulheres nuas é sempre um mar de rosas, enganou-se! Ser um bom profissional apenas não basta: é preciso ter paciência, bom-humor e saber driblar certas situações...
“Na primeira vez, eu era virgem de tudo! Eu não ficava nua nem mesmo na frente das minhas amigas", revelou a inesquecível Luciana Vendramini. "Perdi a virgindade depois de dois anos do primeiro ensaio.” Deve ser por isso que a xuxete chorou na hora de tirar a roupa para ser fotografada. A equipe seguiu para Angra onde seriam realizadas as fotos. Ao chegar no local, uma triste surpresa: ficaram dias aguardando o sol aparecer, pois chovia muito, foram dias e dias chovendo. Segundo eles, Luciana estava cada vez mais nervosa. Finalmente quando o sol se abriu, a loirinha, na hora ‘H’ disse que não queria tirar a roupa e começou a chorar.
Em situações como esta ou o fotógrafo se transforma em um psicólogo ou perde a paciência e chuta o pau da barraca. Foi o que fez o expert J.R.Duran. O resultado? Luciana foi cedendo. Duran não perdeu tempo, começou a clicar a garota mesmo deixando escapar algumas lágrimas. Finalmente a equipe a convenceu a tirar a roupa. “Aliás, saiu uma foto, lindíssima, em que eu sei que ela estava chorando e que me choca profundamente até hoje...”, segredou o fotógrafo em uma entrevista. Diante de tanta beleza, será que alguém aqui percebeu?
Furacão baiano
Já para fazer o furacão baiano Carla Perez entrar no ritmo e ir se soltando aos poucos, o fotógrafo usou uma tática infalível, irresistível... Mestre Duran pediu para Carla fazer a coreografia da “Dança da Garrafa”, a música e o ritmo do momento. A loura "se sentiu em casa": dançou, se soltou, se empolgou, segurou o tchan e dias depois pôde ver as fotos daquele momento impressas na revista.
Pois é, Carla Perez mostrou que quando a mulher está disposta, inspira e facilita o trabalho de todo mundo. Agora, em cena, o inesquecível ensaio em preto e branco em que o fotógrafo clicou o ânus da atriz Christiane Torloni. Luiz Tripolli contou que a maioria das estrelas tinham restrições na hora de tirar a roupa. “O que facilitou muito na hora de fotografá-la foi o fato dela ir pra frente da câmera despojada de qualquer tipo de preconceito”, garante Tripolli que no polêmico ensaio, publicado em 1984, varou a madrugada trabalhando com a atriz no estúdio, tomando Chianti.
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Sobre a polêmica foto, ele desconversa: “Eu nem tava enxergando isso àquela hora. Ela estava linda. Fotografei, ampliamos e só depois a gente foi observar que aparecia, mas de uma forma fantástica.” A atriz confessou em entrevista publicada em agosto de 2009 que adorou o resultado do trabalho, embora ache que nem todo mundo que viu gostou. Será, Christiane? “Não acho que seja um ensaio que o cara tem um drive sexual imediato”, desconversou na entrevista.
Divindade na Itália
A atriz Maitê Proença também merece aplausos pela desenvoltura e claro, ajudar a equipe: ela só contribuiu ao posar para as lentes de Bob Wolfenson em seu segundo ensaio. Tudo para comemorar o aniversário da revista. Depois daquele episódio do fotógrafo que esqueceu de fotografar o seu bumbum, porque ficou deslumbrado com seus seios, desta vez a equipe foi até longe demais, tudo por conta do bom humor de Maitê. “Eu queria fazer diferente (...). Queria estar lá, despojada e nua, bem nua”, ela escreveu para a abertura do ensaio realizado na Itália.
Um médico ajudava em detalhes da produção – chegava nos lugares e arrumava as situações, as pessoas. Imagine a cena: uns velhinhos jogando cartas e a atriz nua, ao lado deles. O trabalho foi intitulado uma verdadeira obra de arte pelos leitores. Era tudo muito natural, nem a própria Maitê fazia poses... Lembro que uma das fotos mais elogiadas é a que ela está sentada ao lado de senhoras carpideiras (em vez de chorar, elas riam). Uma produtora me contou que Maitê era muito rápida, entrava em cena, literalmente, como uma verdadeira atriz.
Quando sentou nua ao lado das senhoras “moralistas”, uma delas indignou-se: “Ma isso é pornografia?”. Nua e bem-humorada, Maitê rebateu: “Ma que pornografia?! É uma obra de arte para uma exposizione em Nova York , belíssima!”. A partir daí foi só alegria, e entre um clique e outro as carpideiras morriam de rir, como se a própria Maitê as dirigisse, gritando: “Sorria! Olha o passarinho!!!” Enquanto as senhorinhas procuravam o tal passarinho, o médico italiano viu estrelas, ou melhor, se encantou com Maitê.
O sujeito que se ofereceu para ajudar na produção, virou protagonista e acabou se encantando com a atriz, ajudando, inclusive a produzir algumas das fotos com direito a posar acariciando os seios e o bumbum da estrela, como ela mesma recordou na entrevista publicada em fevereiro de 2005. “Ele estava muito respeitoso, mas estava gostando. Ele achava tudo lindo.” Haja coração! De repente o tal médico era cardiologista...
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