A segunda temporada de "Manhãs de Setembro" chegou na Amazon Prime Video com um novo debate para as telas da plataforma de streaming: a adolescência tardia LGBTQIA+ .
O termo pode ser um fio condutor da trama de Cassandra, vivida pela cantora e atriz Liniker. Na série, a personagem lida com o conflito entre procurar a própria identidade e se responsabilizar pela família e pelo filho, Gersinho (Gustavo Coelho).
Na série, é nítido que Cassandra não teve uma infância e adolescência saudável, em que se amadurece no tempo convencional. Mesmo vivendo sozinha, com filho e mais velha, Cassandra segue agindo com certa rebeldia e até egoísmo em certos momentos, quando esta se deixa ser levada pela voz de Vanusa - ídola da personagem principal - durante momentos de tensão na trama.
Mas o egoísmo de Cassandra é justificável: a relação conflituosa com o pai, interpretado por Seu Jorge, e a aparição surpresa do filho e da ex, papel de Karine Teles, em certo nível atrapalham o momento de descobrimento e independência da personagem, que sonha em ter uma carreira artística.
E a atuação de Liniker, aliada à trilha sonora inspirada nas músicas de Vanusa, dão o tom correto para essa rebeldia adolescente tardia de Cassandra. Como na música que dá o título à série, Cassandra quer sair, falar, ensinar o vizinho a cantar, mas as intercorrências da vida a fazem enfrentar muito mais do que esperava.
Maternidade também é ponto alto da trama
Além da questão queer, as diversas formas de ser mãe também são pontos fortes da série. A relação de Leide (Karine Teles) com Gersinho, sendo mãe solo e aprendendo a lidar com a diversidade da vida de Cassandra, enquanto enfrenta a pobreza, tem um salto na construção da personagem.
Já a relação de Cassandra com Gersinho, que sabe que deve ter responsabilidade afetiva, mas se sente em uma encruzilhada, também é uma discussão importante na série. A personagem passa por grandes dilemas que simbolizam a adolescência tardia: projetar liberdade, mas saber da responsabilidade na criação de Gersinho, e o amor que sente pelo jovem movimentam a série de forma primorosa.
Até o último episódio, a construção de amor entre a criança e Cassandra cresce de forma emocionante. A maternidade trans se mostra real, dura e verdadeira quando Gustavo Coelho e Liniker contracenam, mas se vê muito amor entre os dois - e isso adiciona qualidade ao conteúdo da Amazon Prime Video.
A relação entre os dois é tão forte, que Liniker chegou a anunciar que tem o desejo de se tornar mãe , durante a coletiva de imprensa da segunda temporada da série.
As maternidades de Ruth (Samantha Schumutz) e da mãe de Cassandra também são bem retratadas no roteiro da série. A cena em que a dona de casa, casada com o personagem de Seu Jorge, comenta a sensação de 'ninho vazio' com Leide, é uma das mais tocantes na obra.
Série se mantém em alta na segunda temporada
A obra ganha ainda mais espaço na plataforma de streaming, principalmente pela adição de personagens no elenco, a trama mais encorpada e Vanusa mantendo a importância, mas sem cair no clichê.
Ao assistir à série, o público pode se animar com uma terceira temporada e mais debates importantes para o público LGBTQIA+, necessários em um momento de protagonismo queer no audiovisual.