Amigas na Bienal do Livro de São Paulo
Créditos: Isabela Frasinelli - 07.07.2022
Amigas na Bienal do Livro de São Paulo


Andar pelos corredores da Bienal do Livro de São Paulo me remete à adolescência, quando vivi um combo de primeiras experiências de uma só vez. Participei pela primeira vez do evento em 2014, ocasião em que também estreei minhas passagens pelos metrôs da cidade sem a companhia de um adulto. Já no pavilhão do Anhembi, encarei uma fila gigantesca para receber o autógrafo de uma das minhas autoras nacionais favoritas da época, a Bruna Vieira. Em uma só história estão muitos momentos que marcaram minha vivência como leitora.

Caminhar pelo mesmo evento em 2022, agora no Expo Center Norte, continua gerando a mesma fascinação dos meus 15 anos, mas com um fator ainda mais especial diante da possibilidade de conhecer outras histórias marcadas por uma ocasião como esta. Entre os primeiros dias da 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, percorri os espaços para ouvir vivências dos que, assim como eu, já foram impactados por uma Bienal.


Entre as muitas camisetas de “Stranger Things” na multidão e as filas de jovens para registrar o livro favorito em um ponto de fotos, entrei em contato com Francine (@livros_maravilhas) e Daniele (@yemanja_literaria). As duas se conheceram na Bienal do Livro de 2019, no Rio de Janeiro, e consolidaram uma amizade desde então, unidas pelo amor aos livros e, especialmente, a Thalita Rebouças.

O primeiro contato das duas ocorreu em uma fila de autógrafos da autora, como Francine explica: “Sou fanática pela Thalita e vou todos os anos autografar livros com ela. Inclusive, nessa Bienal, porque eu tinha três anos de livros atrasados [...] Em 2019, eu já tinha alguns para autografar e conheci a Dani. A gente conversa desde então à distância, porque ela mora no Rio de Janeiro e eu moro em Minas Gerais”.

Apesar de chamar a atenção pela mala repleta de livros comprados no local depois de um planejamento prévio, o que cativou na história de Francine foi a emoção ao relatar a amizade consolidada no evento. “São as coisas que a gente leva para sempre na vida, né? Os livros podem se perder, as amizades não”, disse antes das amigas começarem a chorar em um abraço.

“Agora a gente está se reencontrando”, declarou Francine, antes de Dani citar como a admiração por autoras nacionais como Thalita e Iris Figueiredo continua as conectando como amigas. “A leitura é a base de tudo e conhecimento é o que traz a mudança. Sem conhecimento, não vamos mudar nunca. Os livros trazem conhecimento, então, se não tivermos livros, não teremos nada”, completa.

Amigas na 26ª Bienal do Livro de São Paulo
Créditos: Isabela Frasinelli - 07.07.2022
Amigas na 26ª Bienal do Livro de São Paulo


Shirley e Jovita também viajaram como amigas para participar pela primeira vez de uma Bienal do Livro em São Paulo. Naturais de Belo Horizonte, as amigas reforçavam o amor aos livros enquanto liam, nos respectivos Kindles, sentadas no chão em meio às aglomerações. A dupla buscava conhecer nomes da literatura nacional no evento.

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“A gente já lê muito. Viemos para encontrar algumas autoras nacionais que lemos bastante, como Silmara Izidoro, Ariane Fonseca, Lucy Foster, Gisa SR, Mônica Cristina”, citam entre outras autoras que conseguiram conhecer.

Shirley ainda conta como enxerga uma oportunidade de apoiar o trabalho de autoras nacionais ao comprar livros das escritoras na Bienal: “Lemos muito no Kindle, mas gostamos de ter físico. Como são autoras independentes, então, a melhor oportunidade de comprar é aqui”.

Amigas de Belo Horizonte na Bienal do Livro de São Paulo
Créditos: Isabela Frasinelli - 07.07.2022
Amigas de Belo Horizonte na Bienal do Livro de São Paulo


Já Anne Caroline e Marcelli cumpriram com sucesso o objetivo de prestigiar autores na Bienal do Livro. As irmãs contam que encheram a mala apelidada de “Juju” depois de muito planejamento, pois consideraram que as escolhas “estavam compensando” em relação aos preços nos sites.

“Vim pensando mais com base em toda pesquisa que fiz das editoras presentes. Queria alguns livros voltados a movimentos indígenas e de religiões de origem africana. Procurei [as informações] no Instagram e não foi difícil, porque as editoras já colocavam todas as promoções e faziam caixinhas de perguntas para responder dúvidas em relação aos preços específicos. Viemos até procurar alguns livros com base em referência nos prints do Instagram”, relata Anne, que participa pela terceira vez do evento.

Irmãs na Bienal do Livro de São Paulo
Créditos: Isabela Frasinelli - 07.07.2022
Irmãs na Bienal do Livro de São Paulo


Além da pesquisa, as irmãs também celebram a possibilidade de trocar várias das obras adquiridas, já que possuem gostos literários parecidos. “Fica um mundo de livros para nós”, expressa Marcelli, ao passo que Anne complementa: “Ela mesma comprou os livros que eu queria e eu comprei os livros que ela queria, então, a gente pode trocar depois e economizar”, avalia.

“Ver um evento tão cheio assim mostra que, por mais que as autoridades políticas tentem tirar a verba de investimento na área de educação e cultura, mostra que o pessoal está realmente interessado em ler”, expõe Anne, enquanto Marcelli entende como este cenário mudou desde a própria adolescência.

“Acho muito bacana que a gente vê muitos jovens e livros para os jovens [...] Quando era pequena, tenho 31 anos, eu não tinha esse incentivo à leitura. Ela, que tem 21, já teve o incentivo. Então, com 10 anos de diferença, já vejo como o incentivo ao conhecimento mudou. Acho muito legal porque ninguém pode tirar o conhecimento da gente”, conclui a irmã mais velha.

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