O cantor e compositor Zeca Pagodinho foi o último convidado do "Mano a mano", podcast do rapper Mano Brown, em episódio publicado no Spotify nesta quinta-feira (7). Em mais de uma hora de conversa, Zeca e Brown falaram sobre diversos assuntos, como os tempos do sambista no Cacique de Ramos, parcerias e influências.
Quando questionado por Mano Brown sobre novos projetos na música, Zeca não demonstrou muita empolgação. Disse que ainda está fazendo shows da turnê "Mais feliz", nome do seu último disco, e criticou o pouco espaço que o samba tem nas rádios cariocas.
— Cara, tivemos que parar com o 'Mais feliz', um álbum tão bonito, tão romântico, paramos por causa da pandemia. Um repertório tão bom. Voltamos com ele porque temos que aproveitar aquilo. E outra coisa, cara. Tô ficando desanimado, porque a gente reclamava antigamente mas tinha rádio. Tocava samba todo dia. Hoje só tem duas rádios que tocam samba, e mesmo assim só sábado e domingo. Não tem mais programa da madrugada, que a gente ia lá, a malandragem toda do samba — disse o sambista, assumindo a dificuldade que tem de compor atualmente: — Não tenho tempo pra escrever. Costumo dizer que o lado artista engoliu o compositor. Não dá, cara, chego em casa tem um monte de coisa pra resolver, não dá pra compor. Quero ficar com a minha filha, meus netos.
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Zeca também falou da vida 'à paisana' que leva em Xerém, na Baixada Fluminense, onde mantem um sítio, famoso por tantos encontros musicais e eventos promovidos pelo sambista. Lá, ele quer ser o Jessé, seu nome de batismo, longe dos holofotes.
— Eu não gosto de tirar foto, principalmente em Xerém. Porque é o único lugar que eu sento na praça, leio jornal, tomo uma cerveja na praça mesmo. Em algum lugar eu quero ser o Jessé. Quando chega a noite, todo mundo vai pra minha casa, até o dono do botequim. Xerém tem isso, as pessoas sentadas no meio fio, e eu gosto de ficar ali, daquele jeito — conta.
Em outro momento do podcast "Mano a mano", Zeca Pagodinho lembrou de Bezerra da Silva e da época em que os dois faziam shows no presídio da Ilha Grande, arrancando risadas de Brown:
— Fui muito com ele na Ilha Grande, o Beto (Sem Braço) levava a gente lá, na época que surgiu o Comando Vermelho. A gente ia pra cantar, levava uma nota. Tem uma história que o falecido Dicró terminou o show dele e disse: "Obrigado gente, espero encontrar vocês aqui ano que vem de novo...", e todo mundo: "Porra!!", era um presídio né...