Mangueira
Reprodução/Twitter/Riotur
Mangueira

Um dos momentos mais viralizados dos desfiles do Grupo Especial das escolas de samba do Rio nesta virada de sexta-feira para sábado foi a troca de roupa dos integrantes da comissão de frente da Mangueira. A agremiação levou à avenida o enredo “Angenor, José & Laurindo”, assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira. A comissão de frente recebeu o nome de Tempos Idos.

Em cima do carro alegórico da comissão de frente, bailarinos vestidos com roupas simples, de mangas cinzas e listras pretas e brancas, fazem um movimento rápido com os braços e de repente a roupa se transforma num paletó rosa com colete verde, as cores da escola.

O truque deslumbrou a todos que estavam na avenida e embora muito rápido no momento do desfile, levou tempo para ser idealizado. A  coreógrafa da comissão de frente ao lado de Rodrigo Neri, Priscilla Mota, explica que os bailarinos vestem duas roupas, uma por cima da outra. A roupa de cima é presa por ímãs costurados no tecido. 

No momento certo, abrem-se pequenas janelas no carro alegórico junto aos pés dos dançarinos e assistentes puxam as roupas com as mãos para dentro do carro, revelando o terno verde e rosa. Depois, ao longo da coreografia, os bailarinos entram no carro e vestem a roupa de cima novamente pra que o truque possa ser repetido.



"Foi um trabalho de muitos testes até chegarmos ao resultado. Fizemos seis protótipos das roupas, com ímãs de intensidades diferentes, até acertar o ponto certo. O desafio era a roupa não rasgar, ou cair antes de ser puxada. Num dos testes, os bailarinos chegaram a cair no chão na hora do puxão. Também tivemos que testar os pontos certos onde os ímãs seriam presos às roupas para que elas saíssem inteiras", explica.

A coreógrafa conta que a ideia era representar a transformação que a arte e o samba promovem nas pessoas da comunidade da Mangueira.

"A comunidade é feita por gente simples, que respira a arte ancestral que só a mangueira tem e que faz brotar talentos como Cartola e Nelson Sargento. São essas pessoas que quando se vestem de verde e rosa viram os reis da folia", diz Priscilla.

O desfile deste ano não foi o primeiro em que Priscilla e Rodrigo surpreenderam a Sapucaí. Em 2010, eles também idealizaram a comissão de frente da Unidos da Tijuca, que trocava de roupa durante a coreografia, em pleno desfile.

Curiosamente, o enredo da escola tijucana era O Segredo. Talvez inspirados por isso, os coreógrafos guardaram os detalhes do truque desde então e puderam fazer algo semelhante, agora na Mangueira.

Na época bailarina integrante da comissão de frente da Unidos da Tijuca e hoje produtora da Mangueira, Denara Gabriela contou que o truque utilizado para a troca de roupa da verde e rosa é o mesmo que o de 2010, mas repaginado para os dias atuais.

"É O Segredo versão 2022. Tem algumas coisinhas a mais, mas é o mesmo daquele ano", diz Denara.

Também produtor da Mangueira, Luiz Kersche contou que o grupo trabalhou todos os dias nos últimos meses e nem mesmo feriados como a páscoa valeram folga. Tudo para chegar ao resultado mostrado na noite desta sexta-feira.

"Isso é trabalho, muito trabalho e dedicação. Trabalhamos cinco, seis horas por dia, todos os dias. Trabalhamos sábados, domingos e até na Páscoa estávamos ensaiando. Mas é gratificante chegar na Avenida e termos esse resultado. Todos estão felizes e satisfeitos", afirma.

Representando o personagem Delegado, o bailarino Alan Bastos disse que o maior temor durante a preparação era o da troca de roupa durante a coreografia. De acordo com ele, foi preciso errar bastante para chegar à perfeição durante o desfile.

"A gente treinou muito. Foi muita preparação. Quando eu soube que teria essa coreografia pensei "Meu Deus", mas sabia que iria dar certo, pois tínhamos a confiança da Priscila e, principalmente, em nós mesmos. Não tinha como dar errado", conta o bailarino.

Mesmo que a comissão de frente seja o destaque da noite e o que vai viralizar neste carnaval, o desfile conta sempre com muitos profissionais para que tudo dê certo na Sapucaí. Entre as estrelas da mangueira que muitas vezes não ficam sob os holofotes estão: Beto Carramanhos, Visagista e maquiador; Pietro Schlager, caracterizador de Personagens; Tauã Delmiro, preparador teatral; Tuca Mariana e Penha Maria, responsáveis pela arte e cenografia.






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