A Academia de Cinema de Hollywood revelou nesta terça-feira (8), em um anúncio histórico, novas e rigorosas normas de elegibilidade para fomentar a diversidade entre os indicados ao Oscar de melhor filme. A partir de 2024, todos os filmes que pretendem ganhar o prêmio mais cobiçado da indústria cinematográfica precisarão ter um número mínimo de funcionários na divulgação, nas equipes de produção e administrativa de minorias étnicas pouco representadas, ou abordar diretamente temas que afetem estas comunidades.

Bong Joon-ho ganhou o Oscar em 2020 com
reprodução/ABC
Bong Joon-ho ganhou o Oscar em 2020 com "Parasita"

A inovadora regra chega após anos de críticas pela falta de diversidade entre os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, e entre os indicados e vencedores do Oscar por eles selecionados. E embora a Academia tenha tomado, nos últimos anos, medidas para diversificar seus membros, as novas regras marcam uma aposta mais agressiva para remodelar o desempenho geral de Hollywood em relação à diversidade.

"Acreditamos que estas normas de inclusão serão um catalisador para uma mudança duradoura e essencial em nossa indústria", ressaltaram o presidente da Academia, David Rubin, e a diretora-geral da instituição, Dawn Hudson, em comunicado.

De acordo com as novas regras, as obras que competirem na categoria de melhor filme terão que cumprir com pelo menos dois dos quatro critérios criados para melhorar as práticas de contratação e representação dentro e fora da tela. O primeiro critério exige que o protagonista do filme seja de um grupo sub-representado, ou que 30% dos papéis secundários sejam distribuídos entre minorias, ou que se abordem os problemas que rodeiam estas comunidades como tema principal da obra.

Como segundo ponto, estipula-se que as figuras principais nos bastidores façam parte de grupos historicamente desfavorecidos, entre os quais também estão incluídas as mulheres, as comunidades LGBTQ+ e pessoas com deficiências. As duas últimas medidas referem-se à oferta de estágios e capacitação para grupos sub-representados, e à diversidade nas equipes de comercialização e distribuição.

Representação equitativa

Desde 2015 e a campanha #OscarsSoWhite (Oscar branco demais), a Academia fez um esforço para ampliar a diversidade entre seus membros. A instituição comprometeu-se a duplicar o número de mulheres e de membros não brancos presentes até 2020, após os pedidos para que a premiação fosse boicotada. A Academia superou estas metas, contando com um total de 45% de mulheres após os novos membros admitidos este ano, e 36% de minorias.

Esta medida é fruto de um novo grupo de trabalho sobre diversidade anunciado em junho, semanas após o surgimento de protestos maciços contra o racismo que varreram os Estados Unidos em resposta à morte de George Floyd, um homem negro assassinado por um policial em Mineápolis.

As novas regras são baseadas nas normas implementadas pelos prêmios BAFTA do Reino Unido e foram "criadas para fomentar a representação equitativa dentro e fora da tela para refletir melhor a diversidade da audiência que assiste aos filmes", explicou a Academia.

As obras que pretenderem concorrer ao Oscar de melhor filme em 2022 e 2023 não estarão sujeitas a estas normas, mas deverão apresentar à Academia dados confidenciais sobre diversidade.

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