Diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, o dramaturgo Roberto Alvim ofendeu Fernanda Montenegro em uma publicação no Facebook. Na postagem, Alvim chamou a atriz de 89 anos de "sórdida". A atitude gerou indignação na classe artística, que se manifestou contra as declarações.
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O ataque de Alvim contra Fernanda Montenegro foi feito após a atriz posar para a capa da revista literária "Quatro cinco um". Na edição de outubro da publicação, Fernanda é retratada como uma bruxa prestes a ser queimada em uma fogueira com livros. Na reportagem, a veterana critica os casos de censura a manifestações culturais que tem ocorrido recentemente em esferas da administração pública.
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"Hoje Fernanda saiu na capa de uma revista asquerosa de esquerda, amarrada como uma bruxa prestes a ser queimada em uma fogueira de livros... NADA pode ser mais INFANTIL, MENTIROSO E CANALHA do que o que essa senhora diz na referida matéria", escreveu Alvim em um primeiro post, publicado na noite de domingo.
Nesta segunda-feira, o diretor voltou a ofender Fernanda, diante da repercussão do primeiro texto. Alvim reafirmou suas declarações e disse desprezar a atriz, a quem classificou como "mentirosa".
Em comunicado, a Associação dos Produtores de Teatro (APTR) repudiou as declarações de Alvim. Leia a nota na íntegra:
Você viu?
"A APTR repudia veementemente as declarações do diretor de Artes Cênicas da Funarte, Sr. Roberto Alvim, em suas redes sociais, onde classifica o não diálogo com a classe artística como uma “guerra irrevogável”.
Com a mesma intensidade, repudiamos a classificação da fala de dona Fernanda Montenegro como infantil, mentirosa e canalha. É absolutamente inadmissível que uma atriz com a sua trajetória seja atacada em seu livre exercício de expressão.
Desde que o mundo é mundo, as identidades de todos os povos são construídas através de símbolos, plenos de significados, originando histórias transmitidas de geração em geração. Por este motivo, quando o objetivo é destruir algo, o alvo é sempre o sagrado, o simbólico ou aquilo de maior valor afetivo.
Como cidadão, o Sr. Roberto Alvim pode expressar opinião, independentemente do campo social, cultural e ideológico. Já como gestor público de relevância nacional - ou seja, representando o país como um todo - o mesmo deveria atentar-se à natureza do seu cargo, pautando-se pelo respeito à classe que representa e aos profissionais consagrados por sua atuação.
Cuidar da cultura como um importante setor para a economia e a formação de um país trata-se de um exercício diário, ético e respeitoso. O mesmo se aplica ao cuidado que deveria ser adotado ao se referir a uma atriz como Fernanda Montenegro, um símbolo da identidade nacional, com reconhecimento em todo o mundo.
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Persistiremos na busca pelo diálogo, pela liberdade de expressão, pelo afeto ao fazer artístico e cultural de nosso país. Tudo isso de forma civilizada e com total respeito à diversidade".