Mesmo em meio ao caos no setor literário, ainda existem pessoas que se aventuram e acreditam nesse mercado nada estável. Daniela Amendola e Roberta Paixão são sócias e fundadoras da Livraria Mandarina, e Lucas Alves e Tiago Rodrigues fundaram a Combo – Café e Cultura, ambas livrarias de rua que estão há pouco tempo no mercado e dão vazão a essa teoria investindo tempo, esforço e dinheiro em seus estabelecimentos.

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Livrarias de rua são a nova aposta em meio ao caos no setor livreiro
Reprodução/Instagram/@combocafecultura
Livrarias de rua são a nova aposta em meio ao caos no setor livreiro

Com ambiente mais aconchegante, novas livrarias de rua chegaram a São Paulo para transformar este mercado, que desde o final de 2018 tem passado por poucas e boas. A Mandarina, por exemplo, foi um projeto criado em três meses e inaugurado no último dia 17 de agosto em Pinheiros, bairro da Zona Oeste de São Paulo, e seu diferencial é o cuidado que Daniela e Roberta têm com a curadoria.

“Nós entendemos que uma livraria pequena em que nós duas somos responsáveis por cada momento da curadoria, desde as planilhas das editoras que vem pra nós e escolhemos a dedo o que vem pra cá, até o cuidado com o café que servimos aqui, faz toda a diferença”, explica Daniela, uma das sócias do estabelecimento.

Já a Combo é uma livraria dentro de uma antiga banca de jornal. Inaugurada em maio de 2019, Lucas Alves revela que esse projeto era um sonho antigo dele e de seu sócio. “A gente sempre foi fã de livraria e rato de sebo, frequentamos muito esses dois ambientes, e queríamos trazer de volta essa experiência analógica para a vida”, conta.

Diferente da Combo, a Livraria Mandarina é um lugar reservado e Daniela a define como um “ambiente acolhedor” e o “refúgio para o leitor”. “É onde as pessoas se encontram. Temos visto muitos encontros aqui, de pessoas que não se veem faz tempo e que têm em comum a paixão pela literatura”, conta.

“É um resgate do livreiro do século XX, que recebia o cliente na porta e às vezes até sabia os principais gostos dele, e se não conhecia passava a conhecer para indicar algo certo”, conta Roberta sobre a inspiração para o atendimento da Mandarina.

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Análise de mercado

Prateleira da Mandarina com os livros da curadoria de Daniela e Roberta
Reprodução/Instagram/@livraria_mandarina
Prateleira da Mandarina com os livros da curadoria de Daniela e Roberta

Por verem as grandes livrarias em processo de recuperação judicial, Daniela e Roberta fizeram uma análise minuciosa sobre o mercado literário – tanto no Brasil, como fora do país – e viram uma grande oportunidade em meio ao caos.

“Pegamos o vácuo que as grandes livrarias estão deixando e o remodelamento do mercado editorial para trazer algo novo. As pessoas continuam comprando livros, elas querem e precisam de um lugar para isso”, explica Roberta.

“Foi exatamente pelas grandes livrarias estarem em processo de recuperação judicial e nesse problema de não terem mais um serviço adequado, não sabem do que se trata os livros que estão lá, que entramos nesse mercado”, confessa Daniela.

Lucas também decidiu se arriscar neste mercado com a Combo no mesmo período, pois ele e seu sócio sempre acreditaram no poder do livro: “Além da questão ideológica de que as experiências precisam continuar sendo contadas, acreditamos que ele [livro] funciona comercialmente. A gente acredita que com um bom atendimento e uma boa curadoria, dá para sobreviver sim no mercado editorial e vendendo livros”.

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O diferencial das pequenas livrarias

Lucas e Tiago transformaram uma banca de jornal em uma livraria de rua
Reprodução/Instagram/@combocafecultura
Lucas e Tiago transformaram uma banca de jornal em uma livraria de rua

A Combo Café e Cultura fica na rua, como se fosse uma banca de jornal só que com livros, café e cadeiras de praia espalhadas pela calçada, para que as pessoas consigam sentar e apreciar um bom livro.

“Qualquer um pode ter acesso a Combo, qualquer um pode pegar um dos nossos livros e ler nas cadeiras de praia que ficam ao lado do nosso café. É um ambiente aconchegante, mas não é reservado. Essa experiência de estar na rua é o que atrai o público”, conta Lucas com orgulho do seu próprio empreendimento.

As donas da Mandarina enxergam no serviço personalizado e na aproximação com o cliente o principal diferencial do estabelecimento, além, claro, do cuidado com os livros que são vendidos. “Queremos fazer esse ‘tete a tete’ pessoal e nas redes sociais, para trazer o leitor pra cá. E quando não é possível tê-lo aqui, levamos o livro até o leitor por um motoboy. Temos um serviço bem personalizado”, explica Roberta.

Além da literatura em geral e de ter obras que tratem de humanidades, a irmã caçula das livrarias de rua  , a Mandarina tenta dar espaço para escritores e editoras independentes. “Queremos dar acesso e espaço para essa galera que vende muito na internet e assim, ter um espaço aqui”, finaliza Roberta.

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