Se há uma expressão em latim para tudo, a que resume a Bienal do Livro de 2019 bem que poderia ser totus in antithesi — “o conjunto está nos contrastes”. Se nas últimas edições o evento virou ponto de encontro entre autores e fãs do gênero Young Adult , este ano tem de tudo um pouco.
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Youtubers e acadêmicos, poetas e instapoetas, médicos e mentalistas, esquerdistas e direitistas, atrações nacionais e internacionais, Maísa e Luis Fernando Verissimo estão na Bienal do Livro de 2019 , que começa nesta sexta, 31, e vai até 8 de setembro, no Riocentro. Até mesmo a Arena #SemFiltro, espaço que debate temas relevantes da juventude, promete não se restringir aos mais jovens.
"Percebemos na edição passada que o público da nossa arena era diverso, adultos também se interessavam pelos temas", lembra Rosane Svartman, cocuradora da Arena #SemFiltro, que terá desde referências da literatura teen (como a it girl Pam Gonçalves e o poeta do Instagram Akapoeta ) a escritores veteranos como o pensador Mário Sérgio Cortella .
"Então pensamos em fazer algo atraente para eles também. Brinco, inclusive, que são mesas para jovens de todas as idades", conclui. As expectativas da organização são altas, assim como os números do evento. Só os dois palcos de debates da Bienal (Arena #SemFiltro e Café Literário) já reúnem 72 mesas. Juntando os outros espaços (Encontro entre Autores e Auditório Madureira) serão ao todo 300 autores e 520 expositores.
Os organizadores aguardam 600 mil visitantes — na última edição, em 2017, passaram pelos pavilhões 640 mil pessoas, e 5,5 milhões de livros foram vendidos. "Nosso festival é consagrado como o maior evento literário do país, dá voz a todos os públicos, sem distinção, como uma democracia deve ser", afirma Tatiana Zaccaro, diretora da GL Events, responsável pela Bienal.
Curadora do Café Literário , a jornalista Mànya Millen, destaca a atualidade dos temas debatidos na programação, que “vão além da literatura stricto sensu”. "Os assuntos são os temas quentes do momento, como feminismo, racismo e a Amazônia. O Café reflete demandas da sociedade. Se há livros publicados sobre esses assuntos, é porque as pessoas estão querendo ler e conversar sobre eles", diz Mànya.
Pastor Henrique Vieira participa do “Um encontro sobre fé, diversidade e amor”, na quinta-feira (5), às 17h, e Monja Cohen estará presente em “Esperança, fé e juventude na atualidade”, sábado (7), às 15h30.
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Bienal de constrastes - Passado e presente
Laurentino Gomes conversa com Flávia Oliveira no sábado (7), às 15h, e Mário Magalhães participa da mesa “Um longo olhar sobre o Brasil” no domingo (8), às 19h. Dois jornalistas, duas épocas, duas feridas ainda abertas. Enquanto Laurentino Gomes lança o primeiro volume de sua trilogia histórica “Escravidão”, Mario Magalhães falará sobre sua “biografia” do ano de 2018, “Sobre lutas e lágrimas”.
Thriller histórico e contemporâneo
Eliane Alves Cruz e Raphael Montes participam da mesa “A sedução dos thrillers”, domingo (8), às 16h. O crime não descansa — seja no Brasil do século XIX, retratado por Eliane, seja no do XXI, cenário costumaz de Raphael. Dois autores policiais que não colocam obstáculos temporais à suas investigações.
A fé tem muitas faces
Monja Cohen estará na mesa “Esperança, fé e juventude na atualidade”, sábado (7), às 15h30, ela é uma das principais divulgadores do budismo no Brasil. O ator, ex-vereador e pastor da Igreja Batista do Caminho, o Pastor Henrique Vieira participa da mesa “Um encontro sobre fé, diversidade e amor”, quinta-feira (5), às 17h. Em comum, ambos partilham o respeito à diversidade religiosa, promovida em seus livros e palestras.
Para além das bolhas
Gregorio Duvivier estará na mesa “Você é o que você lê”, quarta (4), às 19h e Lobão na mesa de “Música — A história que a gente canta”, terça (3), às 17h. A polarização política anda agressiva. Mas, na Bienal, duas figuras opostas no espectro político — e bastante visadas por seus adversários — prometem mostrar que talento não tem partido (mesmo que em mesas diferentes).
Gerações poéticas
Ryane Leão e Carpinejar estarão na mesa “Livro de cabeceira”, sábado (7), às 15h. Diferentes momentos e estilos da poesia brasileira — mas que, em muitos casos, dividem o mesmo público. Ryane é a voz do empoderamento, poeta do amor e da luta; Carpinejar representa o homem moderno desconstruído.
Geografias
Jarid Arraes estará na mesa de “Escrever para empoderar”, domingo (8), às 17h e Márcio Souza na mesa “Amazônia, terra de quem?”, quinta (5), às 17h. O Brasil é vasto. E seus contrastes geográficos estarão bem representados. A cordelista e escritora Jarid Arraes trará um pouco do seu Sertão contemporâneo enquanto o jornalista e escritor Márcio Souza fala sobre os desafios da Amazônia.
Outros destaques
A volta de Verissimo acontece no sábado (7), às 19h. Aos 82 anos, o mestre da crônica volta aos pavilhões da Bienal na mesa "Clube dos Anjos", com o produtor Angelo Defanti e os atores Otávio Muller e Matheus Natchergaele.
A era do f*da-se será no domingo (8), às 13h. Maior fenômeno de vendas do Brasil nos últimos anos, o americano Mark Manson, autor de “A sutil arte de ligar o f*da-se”, fala com o roteirista Leo Lanna e os jornalistas Martha Mendonça e Nelito Fernandes.
No sábado (7), às 13h, o co-autor do best-seller “Como as democracias morrem”, que vendeu 35 mil cópias no Brasil, e cientista político americano Steven Levitsky encontra a historiadora Lilia Moritz Schwarcz na mesa "Sobre Autoritarismos e Democracias". Eles debaterão sobre os desafios da política na era das polarizações extremas.
No sábado (7), às 11h, acontece na Bienal do Livro a mesa para debater as relações de Machado de Assis com a cultura e a literatura negra, e terá a presença do pesquisador Eduardo de Assis Duarte e os escritores Conceição Evaristo e José Almeida Júnior.