Toda profissão exige esforço e dedicação, mas quando se trata do meio artístico, as barreiras são ainda maiores e artistas independentes têm que batalhar muito mais para ter visibilidade. Para isso, vale tudo: redes sociais sempre atualizadas, novos conteúdos e outras muitas estratégias de marketing que façam com que essas pessoas encontrem seu público – e vejam a lista de fãs crescer, claro.

Alexxia, Marília Parente e Renan Pirras: artistas independentes contam como quebram barreiras na música
Divulgação/Renê Porfírio (Marília Parente)
Alexxia, Marília Parente e Renan Pirras: artistas independentes contam como quebram barreiras na música

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O cantor Renan Pirras estava começando a fazer sucesso com o Double Haze, dupla que tinha com o rapper Prk, quando decidiu recomeçar como artista solo. “Foi difícil, não vou mentir”, confessa o jovem de 21 anos que conciliou o início da carreira com a faculdade de jornalismo. Enquanto o artista independente fez o curso para expandir seu conhecimento, Marília Parente apostou na profissão por amor.

A cantora de 25 anos de Exu, Pernambuco, foi para Recife fazer faculdade e hoje une as duas profissões: “sou muito feliz fazendo as duas coisas. Às vezes é muito cansativo, mas tenho muita força de vontade para fazer as coisas que eu amo”, conta.

Marília lançou na terça-feira (27) “Meu céu, meu ar, meu chão e seus cacos de vidro”, seu disco de estreia. Para fazer esse projeto acontecer, a cantora contou com muita ajuda de amigos, além do trabalho como jornalista para dar apoio financeiro. “Gravar um disco como artista independente é muito difícil. Esse (álbum) não teve edital nenhum de governo, nada, fui eu mesma que fui fazendo e pagando”, conta.

Alexxia
Divulgação
Alexxia

Já a DJ Alexxia se dedicou a carreira desde a adolescência. Depois de acompanhar o pai – dono de uma empresa de som e iluminação – em festas, ela descobriu sua vocação. No seu caso, a carreira sempre foi o único foco, o que significa se entregar de cabeça: “trabalho 100% com a música, sempre investindo, fazendo cursos, trazendo coisas novas para o meu show, músicas novas”, conta.

Hoje a DJ se apresenta em festas e eventos no parque Hopi Hari, no interior de São Paulo: “É uma experiência incrível. O lugar é realmente muito mágico”, confessa. Mas ela também se apresenta em rodeios, festas de 15 anos e baladas. Até hoje, quem administrava sua carreira era a própria, com o apoio do pai, mas recentemente Alexxia assinou com a agência Briefing, que será responsável pelos próximos passos de sua carreira.

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Ser (ou não ser) artista independente

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Renê Porfírio/Divulgação
Marília Parente

Ser artista independente significa não ter o apoio de gravadoras, streamings ou que for para divulgar o próprio trabalho. O que também significa que, além de fazer música, eles têm que dar um jeito de fazê-la ser ouvida.

“Eu faço o que eu posso. Eu filmo minhas coisas, eu edito meus vídeos, escrevo meus releases, me produzo”, pontua Marília. “O artista independente não tem todos os recursos para fazer um trabalho bem feito, contato, produção”, continua Renan.

Ambos veem a indústria nacional como algo fechado e de difícil acesso para quem está começando: “A gente precisa ser mais incentivado como artista autoral. É muito custo fazer música, é muito caro gravar um disco. A gente precisa de alguém que dê uma empurrada”, confessa Marília. Para ela, artistas que não se identificam com o mainstream tem ainda mais dificuldade em ser ouvido: “Acho que a gente pode ser mais incentivado como artista autoral”, completa Marília.


Passada essa barreira, porém, existem outras que envolvem questões sociais e de gênero. Alexxia, por exemplo, vê o mundo dos DJs privilegiando homens e deixando as mulheres de lado, mesmo quando elas são tão talentosas – ou mais: “o mercado ainda é muito masculino, dominado pelos homens e às vezes têm festas que não contratam DJs mulheres”, conta.

Para ela, o segredo está em ser confiante, e encontrar seu diferencial: “você tem que amar o que faz, se entregar na hora que está tocando e tem que ter um diferencial, tem que procurar alguma característica sua”, acredita Alexxia, que também aposta em um visual diferente para chamar atenção em um mercado repleto de concorrentes.

alexxia
Divulgação
Alexxia


Entender o que o público quer também pode ajudar a quebrar a primeira barreira e aumentar a visibilidade. “Tenho que me reconstruir como artista, como músico e criador de conteúdo para entregar algo que as pessoas gostem”, acredita Renan. O cantor crê, assim como Alexxia, que continuar estudando e persistindo é essencial para deslanchar no meio.

Ser um artista independente é, acima de tudo, vender seu próprio peixe. “Tô nessa luta”, conclui Marília Parente sobre continuar tentando. Na batalha, cada um busca formas de conquistar seu lugar ao sol.

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