Sônia Braga falou sobre Marielle durante festival de Gramado
Bacurau - O Filme / Facebook / Reprodução
Sônia Braga falou sobre Marielle durante festival de Gramado

Tentando conter as lágrimas, Emiliano Cunha, diretor de "Raia 4", exibido neste sábado (17) no 47º Festival de Gramado , afirmou que seu filme só foi feito graças a políticas de fomento da Ancine e frisou que o longa gerou 400 empregos, diretos ou indiretos, além de impostos e receitas. Da plateia, vinham gritos de "viva o cinema brasileiro!" e "fora, Bolsonaro!".

Drama adolescente sobre uma nadadora introspectiva que desenvolve uma rivalidade com uma colega, "Raia 4" fechou a segunda noite de mostra competitiva sob fortes aplausos.

Emiliano Cunha é um dos muitos realizadores que estão na serra gaúcha protestando contra censura no audiovisual, em reação às ameaças de Jair Bolsonaro de "filtrar" o que pode ser fomentado pela agência. O alvo do presidente são obras sobre assuntos que o desagradam. Na quinta-feira, véspera do início de Gramado, ele citou produções que não deveriam ser aprovadas pelo órgão, a maioria com temática LGBT. 

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“Alguns desses projetos que Bolsonaro quer censurar são de amigos meus. Nosso filme existe hoje, mas talvez não pudesse existir em 2020”, afirmou um membro da equipe do curta-metragem "Marie", de Leo Tabosa, sobre uma mulher transexual que retorna ao sertão para enterrar seu pai.

A equipe do curta, projetado também na noite deste sábado, disse que vai se inspirar "Bacurau", de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, para resistir contra a censura .

Longa de abertura do Festival de Gramado, " Bacurau ", que venceu o prêmio da crítica em Cannes, retrata uma comunidade do sertão pernambucano invadida por atiradores estrangeiros e sádicos.

“Somos profissionais da cultura e exigimos respeito”, afirmou Mendonça Filho no Palácio dos Festivais , onde são exibidos os filmes.

Sonia Braga: 'Quem matou Marielle?'

A plateia da sessão de "Bacurau" foi comportada (uma reação "grave, corretamente codificada", avaliou o diretor mais tarde), mas irrompeu em gritos e aplausos nas cenas em que os moradores contra-atacam.

“É resistência, não vingança”, corrigiu Juliano Dornelles ao ser questionado se o filme falava sobre "revanche". No encontro com a imprensa, Sonia Braga, uma das atrizes do filme, dedicou a sua personagem a Marielle Franco e perguntou quem a matou.

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