Ratos de Porão
Wander William
Ratos de Porão

Em 1989, a banda paulistana Ratos de Porão viajou até Berilm, na Alemanha, para gravar o álbum “Brasil”, considerado pelos fãs como o melhor trabalho do grupo. Nas músicas, letras que criticavam a sociedade e a política brasileira da época, que anos antes tinha acabado de se livrar da ditadura militar. 

Três décadas se passaram e o grupo sobe ao palco da Comedoria do Sesc Pompeia , em São Paulo, nesta quinta-feira (1), e sexta-feira (2), para tocar o álbum na íntegra em comemoração aos 30 anos de seu lançamento. Em conversa exclusiva com o iG Gente , o vocalista João Gordo comenta:

“É o nosso melhor disco. Fomos pra Alemanha gravá-lo, antes mesmo do Sepultura ir pra gringa. Pegamos um p*ta produtor f*da e saiu essa maravilha, cheia de criatividade”, relembra ele e completa: “Não sei qual foi o passe de mágica que fizeram na realidade, mas as músicas fazem muito mais sentido hoje em dia do que antes. As pessoas se identificam muito mais. É muito louco isso”.

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Em questão, o vocalista se refere às faixas S.O.S. País Falido , Retrocesso , Farsa Nacionalista  e Amazônia Nunca Mais , que podem ser usadas de exemplo para a atual presidência, onde há sintomas de autoritarismo, planos de flexibilizar o porte de armas e passar a demarcação de terras indígenas para o Ministério da Agricultura. “Essas letras dão medo. Parece que eu fui tipo uma Mãe Dináh do inferno que previu tudo isso aqui”, brinca.

Portanto, Gordo não acha que as músicas de trinta anos atrás tocadas hoje vão mudar a cabeça das pessoas que possuem ideologia contrária à elas: “O gado é completamente cego e surdo, né! Mudo não é porque fala merda pra c*ralho. Agora o ânus mudou de lugar. Ele fica na boca”, diz se referindo aos fãs que se posicionam politicamente à direita e criticam a posição do cantor e da banda.

“Sabe, tem uns fãs de direita do Ratos que me cobram umas posturas inacreditáveis. Parece que nunca entenderam nenhuma letra nossa. Parece  que não me conhece? Eu sou o mesmo cara desde 1983, claro que vivendo menos selvagem, mas continuo com o pensamento igual”, diz Gordo. “Um ‘bolsominion’ que é fã do Ratos, que diz que gosta do som mas não curte as letras. Isso é surreal”.

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Brasil, álbum do Ratos de Porão
Divulgação
Brasil, álbum do Ratos de Porão

Questionado se algum fã da banda e com ideologia de direita já quis criar confusão com ele, Gordo é direto: “Pessoalmente, em show, não! É sempre pela internet. Gostam de me atacar pelas redes sociais, pois na minha cara não têm coragem de xingar”. Ele continua: “Sabe, hoje o bonito é ser burro. Ser mal informado é moda. O feio é ser inteligente, bem informado, daí te chamam de comunista. Muito engraçado essa inversão de valores que está acontecendo”.

Falando em política , Gordo não vê uma luz no fim do túnel para os próximos anos: “Quem votou nele [no Presidente da República Jair Bolsonaro] tem que sofrer. É uma vergonha o que está acontecendo, o que estamos passando e eu acho que ele tem que ficar os quatro anos no poder para que essa galera sofra”. O cantor finaliza: “Não duvido que esse cara cresça mais, vire um ditador e bote pra f*der em todo mundo”.

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Álbum novo e saúde

Com toda essa situação política, os fãs anseiam por um novo álbum do grupo. Gordo adianta: "Já estamos fazendo músicas novas e assunto para falar é o que não falta. Se eu quiser escrever uma p*ta letra agora, eu faço. Só que a gente demora muito para fazer um álbum. Estamos todos velhos e temos outros negócios também. Mas, na hora que sair será com um pega nas quatro mãos".

Se recuperando de uma pneumonia que o levou à UTI no último mês, João Gordo diz que está bem, porém não ainda 100%: "Estou me recuperando e está dificil até para fazer uma sequência de shows. Me sinto um pouco fraco ainda. Mas, estou me cuidando". 

SERVIÇO: 

Ratos de Porão tocando "Brasil"

Show de abertura: Surra

Datas: 1 e 2 de agosto, às 21h30

Local: Comedoria do Sesc Pompeia - R. Clélia, 93 - Água Branca, São Paulo 

Ingressos: clique aqui .

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