Jornalista por formação e escritor por amor e dom, Matheus Rocha lançou no meio de julho seu terceiro livro solo, “Não Me Julgue Pela Capa”. Distribuído pela Editora Planeta, o livro trata da ansiedade na visão de um ansioso.
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Ao iG Gente , Matheus Rocha falou sobre seus desafios como ansioso e escritor, contou detalhes sobre o processo de escrita e revelou o que mudou na transição de jornalista para escritor. “Trabalhei durante seis anos como jornalista. Durante um tempo eu tinha vida dupla, escrevia na internet e trabalhava na assessoria, só que chegou uma hora que ficou muito insustentável”, conta.
Tratar de ansiedade ainda é um assunto voltado para a psicologia, mas o homem de 27 anos decidiu se arriscar nesse assunto de uma forma leve e que mostrasse para o leitor que naquelas páginas existe um amigo dispoto a ouví-lo. “A minha ideia era transformar os livros em diários, eu não queria tratar ninguém, não queria curar ninguém. Eu queria falar sobre o que eu estava sentindo”, declara.
Matheus não sabia que tinha ansiedade até um namoro acabar e ter ficado desnorteado com isso. O auxílio da psicóloga e sua primeira sessão de terapia foram descritos em textos do seu primeiro livro sobre o assunto, “ Pressa de ser feliz ”. “Eu sempre senti essas coisas todas que a ansiedade traz pra gente, só que eu nunca tive um nome para isso e até eu ser diagnosticado, eu não sabia o que eu tinha”, relembra.
O amor pela escrita não existe apenas por conta de seus livros, Matheus também trabalha com a internet e está sempre publicando trechos sobre amor em seu perfil do Instagram. Para ele, escrever também é considerado uma forma de terapia: “Você extravasa. Você processa o que está sentindo. É como se você olhasse o problema de fora. Então escrever é pra me ajudar, pra encontrar outras pessoas e também para tentar ser esse amigo, que eu tanto queria ter e não tinha ninguém que me falasse”.
O autor também revela que existe uma diferença no Matheus que escreveu “Pressa de Ser Feliz” e no Matheus que lança o “ Não Me Julgue Pela Capa ”. “Apesar das coisas pessoais no ‘Pressa de ser feliz’, ele [o livro] ainda é distante de mim. Já o ‘Não Me Julgue' ele é 200% pessoal, é muita experiência minha mesmo”, confessa.
Durante seu primeiro livro sobre ansiedade, ele também relata que uma das suas grandes dificuldades era socializar e ter amizades duradouras. Já em “Não Me Julgue", uma de suas grandes dificuldades é ter tempo para todos seus amigos.
“Eu ficava me moldando para as pessoas e grupos, e eu acho que não permitia que as pessoas me conhecessem de fato. Depois que eu comecei esse processo de autoconhecimento, eu pensei: ‘o único jeito das pessoas gostarem de mim é permitir que elas me conhecessem’ e hoje eu tenho muito mais amigos”, conta.
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Uma dessas amizades que Matheus conquistou, foi a de Bruna Vieira , também escritora e blogueira do Depois dos Quinze . Quando questionado se Bruna tem alguma influência em seu trabalho, o escritor não esconde a felicidade em falar dela: “Ela me inspira a gostar mais de mim. Acho que a Bruna tem muito isso de se olhar no espelho e gostar de quem você é”.
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Cuidado com as palavras
Sendo a ansiedade um assunto voltado para psicologia e psiquiatria, Matheus sempre preza pelo cuidado com as palavras. Durante a leitura de ambos os livros é possível notar que ao falar de seus sentimentos, o escritor sempre que possível indica que o leitor, caso sinta o mesmo, procure o profissional especializado.
“Eu me sinto muito responsável, porque às vezes a pessoa não tem ninguém da família, não tem um amigo, que ouça e que entenda, porque a ansiedade é uma coisa muito particular”.
Um dos motivos de ter tanto cuidado ao escrever sobre ansiedade, são os gatilhos que seus textos podem ou não gerar: “É muito difícil explicar o que é ansiedade. Eu tento cuidar ao máximo [das palavras], porque não estarei, literalmente, ao lado de cada pessoa e não sei o que pode despertar nela”.
O escritor também explica que em nenhum momento a publicação dos dois livros foi feita para assumir o lugar de um psicólogo: “Nos dois livros eu reforço muito que os profissionais e todas as áreas da saúde, principalmente, a saúde mental, são importantes para um diagnóstico e tratamento”.
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"Pressa de ser feliz" vs. "Não me julgue pela capa"
“Eu queria escrever um livro que eu gostaria de ler e eu não encontrava esse livro”, afirma. Foi assim que seus livros nasceram, a partir desse pensamento e sempre querendo ficar mais próximo dos seus leitores. Desde o lançamento do “Pressa de Ser Feliz”, em 2018, até os dias de hoje.
Porém, ele deixa claro que a diferença entre seus dois livros é gritante, pois apesar de ambos trazerem vivências e experiências distintas, "Não Me Julgue" é um livro muito pessoal. Tanto que em algumas páginas possuem registros do arquivo do escritor (como na foto acima).
"Apesar de coisas pessoais no 'Pressa de ser feliz', ele ainda é distante de mim. Já o 'Não me Julgue' ele é 200% pessoal, é muita experiência pessoal e é um Matheus que já se conhece muito mais do que o Matheus que se conhecia no livro anterior", explica.
Ele conta isso porque em seu mais novo lançamento, logo no prólogo, ele diz em voz alta uma de suas maiores fragilidades: "Começar o livro falando sobre ser gay é mesmo um grito de liberdade".
"Eu me escondi por tantos anos, porque eu não me aceitava, por medo da rejeição das pessoas, que pensei: 'se o livro é sobre insegurança, eu tenho que pegar minha maior insegurança e colocar logo no começo'", confessa.
É pensando em uma forma de se aproximar ainda mais do leitor e não esconder quem ele é, que Matheus Rocha conclui: "Se a pessoa gostar de mim no prefácio do livro, ela vai gostar de mim até o final do livro porque já sabe quem eu sou".