Não é de hoje o debate sobre apropriação de obras de arte de outros países e acerca da legitimidade da posse. Há, na cultura africana em geral, um desejo de reaver peças sob os cuidados de instituições de outros países – a maioria deles europeus. O tema foi reascendido nesta quinta-feira (04) após a casa de leilões Christie’s anunciar a venda de uma estátua de Tuntancâmon.
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O busto foi comercializado por US$ 5,9 milhões, aproximadamente R$ 22 milhões para um comprador anônimo. A transação está gerando polêmica, porém, já que o Egito havia feito um pedido de repatriação da estátua de Tutancâmon , que o governo acredita ter sido roubada do país por volta dos anos 1970.
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Em junho o arqueólogo egípcio e ex-ministro das Antiguidades Zahi Hawass já havia apelado para a Unesco, pedindo que a venda fosse suspensa e a peça enviada para o Egito. “Mais uma vez, não negligenciaremos ou permitiremos a venda de nenhum artefato egípcio”, disse na época, quando também exigiu documentação que comprovasse a origem da obra.
Hawass ainda afirmou, em entrevista para a CNN, que “não há ética” na venda e que “o mundo todo deveria estar bravo”. Acreditando que o busto foi adquirida de maneira ilegal, ele opinou: “essa peça tem que estar em um museu, não na sala escura de um homem rico”.
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A casa de leilões, por outro lado, disse que não comercializa nada que não tenha um título de posse e que a estátua de Tutancâmon não está sob investigação. Em um release sobre a obra, a Christie’s informa que o busto foi adquirido do revendedor Heinz Herzer em 1985. Outros nomes citados no texto como donos-prévios incluem Joseph Messina e Prinz Wilhelm von Thurn und Taxis.