Foi na festa da novela “Velho Chico”, em 2016, no Rio, que Daniel Rezende convidou Rodrigo Santoro para interpretar o Louco em “ Turma da Mônica — Laços ” . A proposta à queima-roupa transformou tudo numa “conversa maluca”, lembram os dois, aos risos.
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Pouco tempo depois, Rodrigo Santoro já estava mergulhado na composição do personagem para o filme que entra em cartaz nesta quinta-feira apostando alto, com 700 salas de exibição . Na entrevista abaixo, o ator comenta o desafio. Confira a entrevista completa:
Saúde mental é uma questão bem presente em alguns personagens que você viveu.
Rodrigo Santoro: Fiz “Bicho de 7 cabeças” e “Heleno”. Nesses dois trabalhos tive a oportunidade de explorar o tema da saúde mental. É claro que aqui, com o Louco, trata-se de um personagem de gibi, de uma licença poética maior. Mas estamos abordando o tema, um conceito que vem se transformando ao longo do tempo. Acho que é um momento maravilhoso para se falar disso.
Qual a sua relação com o Louco?
R.S.: Meu avô, imigrante italiano, era dono de banca de jornal em Petrópolis. E meu prêmio, se eu me comportasse bem, era um gibi no fim de semana. E um personagem que sempre me fascinou era o Louco. É o meu preferido da Turma da Mônica.
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O que o Louco representa?
R.S.: A liberdade de expressão. É o universo infantil do sonho. Não por acaso estou vivendo isso agora.
Em que sentido?
R.S.: Sou pai de uma menina de dois anos, a Nina. Sempre vou buscar elementos na infância. Não como uma coisa freudiana, não estou psicologizando nada. Mas sim nesta fonte inesgotável de liberdade. É um personagem que tem um pouco de cada um de nós. Quando somos crianças, sem muito contato com a sociedade, somos livres e soltos.
Mas houve um trabalho de caracterização, também.
R.S.: Quando aceitei, eu disse: vamos caracterizar direito. A ideia era humanizar o Louco. Acabei trazendo o maquiador de “300”, que pediu para esculpir o nariz. Também trabalhei com o Alvaro Assad para fazer a preparação corporal. E o texto, escrito pelo Thiago Dottori, foi sendo esculpido. Foi como uma piscada do vaga-lume: ele tinha que entrar, falar, desaparecer, mas permanecer presente da narrativa.
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"Turma da Mônica — Laços" é uma história na graphic novel “Laços”, no entanto, não sustentaria um filme inteiro se fosse adaptada fielmente. Por isso, Rezende inclui na trama a figura do Louco , um de seus preferidos da turma. Interpretado por Rodrigo Santoro , o personagem tem uma participação breve, mas intensa e destinada a comunicar principalmente com os adultos.