Em um novo estudo sobre “13 Reasons Why”, série da Netflix que mostra a vida de uma estudante do ensino médio que se suicida, revela que o número de jovens que se suicidaram nos Estados Unidos aumentou de forma significativa.
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O estudo foi publicado na última quarta-feira (29), na revista Jama Psychiaty , e afirma que houve um aumento de 13% nos suicídios de jovens de 10 a 19 anos, entre abril e junho de 2017, meses posteriores ao lançamento de “ 13 Reasons Why ”, sendo a maior parte mulheres.
Esse levantamento foi realizado por uma equipe dirigida por Thomas Niederkrotenthaler, do Centro de Saúde Pública da Universidade de Medicina de Viena, e usou dados de suicídio dos Centros de Controle de Doenças (CD) dos Estados Unidos. “As associações identificadas aqui devem ser interpretadas com certa cautela, mas parecem demonstrar um aumento dos suicídios que é consistente com o potencial de contágio da mídia”, declararam.
A equipe analisou os suicídios de 1999 a 2017, a fim de estabelecer um modelo que controle variável como as variações sazonais com seus picos conhecidos de suicídios adolescentes. Como a Netflix não divulga seus dados de audiência, os pesquisadores fizeram uma estimativa da popularidade da série por meio de publicações nas redes sociais, como Twitter e Instagram.
Lançada em 31 de março de 2017, a série gerou cerca de 11 milhões de tuítes nas primeiras três semanas, mas depois disso houve uma redução de interesse. “Pela diminuição da atenção nas redes sociais depois de junho de 2017, estabelecemos o período de exposição como de abril a junho”, escreveram os pesquisadores.
De acordo com o modelo, esse aumento estimado em 13,3% nas mortes corresponde a 94 suicídios a mais para essa faixa etária do que caberia se esperar nesse período de tempo. Esse aumento foi maior entre as jovens porque a trama da série se concentra no suicídio de uma jovem menina de 17 anos, porém não foi observado um aumento similar entre outras faixas etárias.
No entanto, os autores advertiram que a dependência da pesquisa de estimativas baseadas em medidas aproximadas era uma limitação, ressaltando que “não foi possível comprovar se os que representaram o número excedente de suicídios havia realmente assistido ao seriado”.
No último dia 30 de abril de 2019, foi divulgado um primeiro estudo da Academia Americana de Psiquiatria Infantil que mostrava um aumento de suicídio desde o início da primeira temporada. Essa pesquisa analisou os números de janeiro de 2013 e dezembro de 2017, nove meses após a estreia da série.
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Também na última quarta-feira (29) o criador de “13RW”, Brian Yorkey, descartou totalmente todos esses levantamentos. Em um artigo publicado no The Hollywood Reporter , o americano explicou que o seriado apenas dá aos jovens mais informações sobre um tema que é considerado tabu e que a história de Hannah Baker e sua turma “não gerou pensamentos ou comportamentos suicidas”.
O criador de “ 13 Reasons Why ” ainda explica que em 2018 a série ganhou um prêmio por ter encorajado adolescentes e pais a conversarem sobre assuntos como suicídio, depressão e bullying, a fim de contribuir para a saúde mental dos adolescentes.