Tiago Iorc movimentou a internet com o lançamento surpresa de "Reconstrução", seu mais novo álbum . O trabalho surge após um período sabático que o músico tirou da vida público por 16 meses, cercado por mistérios, e não teve qualquer divulgação prévia — nem a Universal, gravadora que lança os trabalhos de Iorc, estava preparada.

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Tiago Iorc retornou com um novo álbum,
Reprodução/Instagram
Tiago Iorc retornou com um novo álbum, "Reconstrução"


O disco é acompanhado por 13 clipes, formando assim um álbum visual, dirigido pelo próprio Iorc e disponível no YouTube (veja na íntegra no fim da matéria). O roteiro é assinado por Iorc, pelo diretor de fotografia Rafael Trindade e pela escritora venezuelana radicada em Porto Alegre María Elena Morán (coautora da faixa “Me tira pra dançar”). Abaixo, listamos alguns destaques que devem ser observados (e ouvidos) em "Reconstrução", de Tiago Iorc .

1. Referência a Chico Buarque

A faixa de abertura do disco, "Desconstrução", faz uma referência clara a "Construção", um dos clássicos do repertório de Chico Buarque. A diferença é que se na obra de Chico os versos se encerram com palavras proparoxítonas, aqui Iorc faz das oxítonas as palavras derradeiras.

2. Narrativa linear

O filme, estrelado pela atriz estreante Michele Alves e pelo próprio Iorc, e a trilha contam uma história linear de início, meio e fim. À primeira vista, sobre a construção de um relacionamento entre os personagens.

O início quente e errante de uma paixão figura explicitamente nos vídeos de “Hoje lembrei do teu amor”, “Deitada nessa cama”, “Fuzuê” e “Faz”. Agora um amor estabelecido, a relação mostra sintonia em “Nessa paz eu vou”, “Tua caramassa” e “Me tira pra dançar”.

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O desgaste vem, porém, e com ele as lágrimas de “Bilhetes”, faixa em que Iorc canta versos como “Senti a dor na pele/ Por tudo que eu não fiz/ (...) Eu posso esperar/ A chuva passar/ Pra tudo recomeçar”. Única melodia centrada no piano, a melancólica “Sei” ilustra o fim.

3. Metáfora para o sumiço?

É possível, porém, interpretar “Reconstrução” como uma metáfora para o distanciamento de Tiago Iorc dos holofotes no ápice de popularidade e reconhecimento de sua carreira.

“Desconstrução”, por exemplo, fala de depressão e da superficialidade da vida nas redes sociais: “Ela era só uma menina/ Ninguém notou a sua depressão/ Seguiu o bando a deslizar a mão/ Para assegurar uma curtida”. E “Sei” traz a ideia de que às vezes é preciso se perder para se encontrar — “Sinto minha falta/ Me sufocar/ (...) Fui além do céu e o mar/ Até achar/ Meu caminho/ Bem aqui/ Sempre esteve/ Na minha frente”, canta ele.

4. A atuação de Michele Alves

Antes desconhecida, Michele ganha mais tempo de câmera do que o próprio Iorc nos 13 vídeos de “ Reconstrução ”. Vestindo apenas uma camisa curta branca (e às vezes nem isso), ela chama atenção pela dramaticidade carregada no olhar e nas expressões a partir dos versos cantados.

A voz de Michele não chega a ser ouvida no filme-disco, mas isso não impede a boa impressão artística que ela passa. Seja ilustrando momentos de autodescoberta ("Reconstrução"), sensualidade ("Hoje lembrei do teu amor", "Fuzuê" e "Faz"), euforia ("Tua caramassa" e "Me tira pra dançar") ou na desolação ("Bilhetes" e "Sei").

Mas "Tangerina" é especialmente surpreendente: o clipe mostra basicamente apenas a boca de Michele adornada com um batom que remete à fruta-título. E, só com a boca, a atriz soletra e representa dramaticamente os versos do refrão "Minha sina/ Gana suicida/ Morte divina/ Doce tangerina".

5. Arranjos mais densos

As novas canções se debruçam sobre assuntos e estilos já visitados anteriormente nos discos "Umbilical" (2011), "Zezki" (2013) e "Troco likes" (2015), com ênfase em temas românticos.

O disco é essencialmente formado por baladas românticas, ainda com o violão inseparável de Iorc como instrumento central, mas os arranjos trazem uma densidade inédita no repertório do músico.

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Há momentos centrados no piano, como "Sei", cenários mais sintéticos como os de "Faz" e "Hoje lembrei do teu amor" com uma vibe meio Imagine Dragons, um sambarock malandrinho em "Fuzuê", mas saltam aos ouvidos belos arranjos de corda, como os de "A vida nunca cansa". Uma coisa é certa,  Tiago Iorc conseguiu surpreender.

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