Os problemas de saúde de Beth Carvalho, que morreu nesta terça-feira (30), aos 72 anos no Rio de Janeiro,  já contavam mais de uma década, com idas e vindas a hospitais e CTIs. O último capítulo da saga aconteceu em setembro de 2018, quando ela se apresentou deitada ao lado do grupo Fundo de Quintal , comemorando os 40 anos do clássico disco "Pé no chão". 

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Beth Carvalho, a madrinha do samba
Divulgação / Agência o Globo
Beth Carvalho, a madrinha do samba


Beth Carvalho passou por longas internações, como entre 2012 e 2013, quando ficou 11 meses no hospital. "Vou virar uma sambista biônica", brincou ela à época, sem perder o bom humor.

Na época, parafusos ortopédicos foram aplicados em sua coluna para corrigir problemas que lhe causavam desconforto e fizeram com que sua vida nos palcos ficasse limitada.

No carnaval de 2012, a sambista desfilou pela Mangueira , mas precisou sentar-se em alguns momentos por conta das dores. Sua imagem sentada no carro alegórico dedicado à Velha Guarda da escola se tornou comum nos desfiles. Antes, em 2011, ela já havia passado 18 meses em repouso total, para se recuperar de outras cirurgias na coluna.

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"O samba cura!"

Beth Carvalho, a madrinha do samba
Divulgação / Agência o Globo
Beth Carvalho, a madrinha do samba

Em 2013, Beth escreveu um texto como colunista convidada da "Revista O GLOBO":

"Há quem duvide, mas é a mais pura verdade: o samba cura! E a fisioterapia faz milagre! E não é papinho, não. O samba é a minha vida, sempre foi. É uma paixão que começou na infância, com 6 anos eu já ia a bailes de carnaval.

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Inclusive meus amigos Arlindo Cruz, Sombrinha e André Rocha foram certeiros na letra “Quem foi que falou que o meu samba / Não tem o poder de curar / Na certa não sabe o que o samba é capaz de fazer”. Depois de ficar “de molho” por mais de um ano, voltei a sentir a grande emoção que trilha minha vida há 48 anos. Pisar no tablado do Vivo Rio, no último dia 7 de setembro, foi o meu grito de independência em ritmo de samba. Foi sentir meu coração batendo com a força do surdo da Mangueira, com tantos outros corações numa imensa bateria. Foi uma alegria sem fim!Ali de cima do palco vi gente chorando, e confesso, me emocionei junto".

Uma grande amiga, Elisa Lucinda escreveu que a noite foi como uma catarse coletiva. Foi isso mesmo, como se tivéssemos visto um filme cheio de reviravoltas, com final feliz. Não preciso nem dizer qual seria a trilha sonora, né? Foi uma pausa apenas, pra aprender a respeitar o tempo que o corpo estava pedindo. Eu tenho certeza de que o que me manteve firme sem deixar a peteca cair foram a minha família e meus amigos. O hospital acabou virando uma extensão da minha casa: recebi muitas visitas, fiz reuniões políticas, gravei faixas em discos de grandes nomes do samba, fiz feijoada de aniversário, pagode...

Até o Grammy Latino e o Prêmio da Música Popular Brasileira vieram até mim por lá. E já que não pude desfilar na Acadêmicos do Tatuapé, que me homenageou com um lindo enredo este ano, colei os olhos na televisão e vi tudo, cada detalhe.Esse tempo me proporcionou novos amigos, e fiz questão da presença de cada um deles no show: médicos, enfermeiras, auxiliares, fisioterapeutas.

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