Séries de TV de sucesso, como “Girls” e “Silicon Valley”, aplicativos como o Foursquare, a banda americana Hanson e o músico britânico James Blunt... É enorme alista de produções e artistas revelados no SXSW, como o encontro também é chamado. Ele começou “organicamente”, nas palavras de um de seus fundadores, o americano Louis Black, de 69 anos, que participou ontem da Rio2C.

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Rio2C trouxe desconfianças dos texanos
Reprodução/Instagram
Rio2C trouxe desconfianças dos texanos

A Rio2C , que começou despretensioso e levantando desconfianças dos texanos, foi crescendo a cada ano, a ponto de atrair grandes empresas, celebridades como Ryan Gosling, Tilda Swinton e Danny Boyle e até políticos: neste ano, foi lá que a corrida presidencial dos Estados Unidos de fato começou, com participações de pré-candidatos como Beto O'Rourke e Elizabeth Warren.

Na última edição, o SXSW contou com 65.000 inscritos. Entre eles, 1.666 do Brasil, com a presença de empresas como Embraer e Globo. "O South by Southwest era uma comunidade punk, nunca foi diferente. A música punk era libertadora, porque não era importante nem saber tocar um instrumento, e sim ter algo a dizer", define Louis Black , ao explicar que um dos diferenciais do festival foi entender que negócios, inovação e criatividade andam juntos.

"Estão esperando Deus?"

Louis Black
Agência O Globo
Louis Black


Ao promover conferências sobre tecnologia e mídia, o SXSW soube estar à frente dos desafios que os avanços tecnológicos trouxeram para a indústria fonográfica.

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Você viu?

"Naquela época, todo mundo pensava que você tinha que estar em uma grande gravadora, e no fim isso não queria dizer nada. O SXSW era sobre aprender a fazer música que transcendesse uma companhia. Quanto mais você conhece o negócio, mais controle você tem para fazer a arte que você quer".

Na Rio2C, evento que discute a indústria criativa por aqui, Black falou com carinho do Brasil. Ele contou que seu pai, que serviu ao Exército americano durante a Segunda Guerra Mundial, viveu dois anos por aqui, onde fez vários amigos. Por isso, na sua casa, sempre havia visitas brasileiras. Mas sua primeira vinda ao Rio foi em 2011, quando sentia um clima de otimismo na cidade. Agora, ele pede que os brasileiros “não prestem atenção a esses idiotas que botam vocês para baixo”.

Black diz que seria “arrogante” achar que tem algo a ensinar aos cariocas sobre criatividade.

"A ironia é que (fizemos o SXSW) em Austin, uma cidade pequena. Não temos a história insana que vocês têm. Que porra somos nós para dizer? Veja o que vocês fizeram: vocês mudaram o jazz, mudaram a música popular, trouxeram um espírito de amor e paixão para tudo que fizeram, e agora vocês acordam e dizem que não são mais o Rio? Estão esperando Deus descer e buscar vocês? Não vai acontecer", brinca.

"As pessoas ricas da América Latina mandam seu dinheiro para Nova York ou Londres. Se pegassem dez por cento desse dinheiro e botassem nas crianças das favelas, ficariam mais ricos do que são capazes de imaginar", continua.

Black completa o raciocínio traçando um paralelo com o rap, que surgiu nos guetos dos Estados Unidos, e que, para ele, é a manifestação cultural mais revolucionária das duas últimas décadas.

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"Hoje, cada casa na favela tem uma TV e conexão com a internet. Bizarro ou não, essa é alfabetização de hoje. Porque alfabetização não é entender as regras da gramática, e sim saber se comunicar. Imagine quando a música começar a sair de lá", finaliza ele, inspiração para a Rio2C .

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