É inegável que Robert Downey Jr. foi a argila que moldou o Universo Cinematográfico Marvel. Foi uma aposta arriscada da editora que  precisava vingar como estúdio  para não falir lá em 2008 de entregar o filme de uma das poucas propriedades intelectuais que ainda detinha na mão de um ator cujo principal trabalho como diretor era “Um Duende em Nova York” (2004) e a um astro caído em desgraça que mais encontrava portas fechadas do que sorrisos no rosto.

Robert Downey Jr. em cena de Vingadores: Ultimato
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Robert Downey Jr. em cena de Vingadores: Ultimato

A Marvel ainda não pertencia a Disney e o Homem de Ferro era conhecido apenas pelos que hoje chamamos de fãs raiz do personagem e das HQs da Marvel. Mas Robert Downey Jr . transformou tudo isso em uma das histórias mais incríveis e singulares da Hollywood moderna.

Ele não fez tudo sozinho, claro. Jon Favreau, Kevin Feige, Samuel L. Jackson, os irmãos Russo, mais recentemente… Há muitos créditos a serem compartilhados, mas se Tony Stark não emplacasse...

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Desde aquele momento Hollywood não ofertou uma virada de jogo tão alegórica, tão emblemática. Downey Jr.  fez de Tony Stark seu alter-ego e vice-versa. Ele até fez outros filmes nesse ínterim, como “O Juiz” (2014) e “Um Parto de Viagem” (2010), mas a Marvel foi sua morada.

E se havia alguma dúvida para além dos salários milionários negociados de “Vingadores” (2012) para cá, as cifras chegaram a US$ 60 milhões para os dois últimos filmes, de que a Marvel reconhecia o peso de Downey Jr. e seu Tony Stark para seu universo cinematográfico, “Ultimato” as dissipa com genialidade e deferência.

Quando da integração do Homem-Aranha ao MCU, a Marvel recorreu a Downey Jr. como uma seleção costuma fazer a seu jogador referencial. Nesse contexto, o astro é o Pelé da Marvel. Ou o Maradona, se algum leitor argentino nos prestigia. No derradeiro capítulo dos vingadores como os conhecemos no cinema, essa dimensão fica muito clara.

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A jornada do Homem de Ferro nessa década foi instável. O primeiro filme, a gênese de todo esse universo, resiste como o mais bem esculpido de todos. O segundo filme tem seus momentos, todos eles graças ao astro, mas é imperfeito. Sugeria que a Marvel não acertaria sempre. Mas que Downey Jr. seguia sendo o melhor cavalo no páreo.

As metáforas esportivas vão continuar.

Um herói falho

Primeiro filme de herói da Marvel,
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Primeiro filme de herói da Marvel, "Homem de Ferro" é o melhor filme do estúdio

Se conseguiu emplacar desejos pessoais, como Mickey Rourke como vilão no 2º longa e Shane Black como diretor do terceiro, o ator perdeu outras batalhas. Ele queria Mel Gibson dirigindo um quarto “Homem de Ferro” que nunca saiu do papel.

De certa forma, essa realidade espelha Stark. O erro com Ultron, lembrado de forma bastante orgânica em “Ultimato” foi marcante, ainda que o filme não tenha sido. O confronto de ideologias com o Capitão América, cujo otimismo sempre antagonizou com seu cinismo irresistível, respondeu por um dos momentos mais excitantes do Universo Marvel.

Agora, em “Ultimato”, o Homem de Ferro de Downey Jr. tem seu canto do cisne, em uma sinergia lindamente adornada com tudo o que veio antes, inclusive interações pontuais com personagens tão diversos como Peter Parker (Tom Holland) e Dr. Estranho (Benedict Cumberbatch).

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No hall da fama da Marvel, Robert Downey Jr. e seu Homem de Ferro têm lugar de destaque e é essa a certeza que todo e qualquer espectador têm no momento em que os créditos de “Vingadores: Ultimato” sobem. É sempre um prazer ver Pelé (ou Maradona) se apresentar uma vez mais.

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