Concluída a fusão entre Disney e Fox, agora é hora de fazer projeções mais centradas. A primeira resolução da empresa gerida por Bob Iger foi anunciar o fim da Fox 2000, um selo da FOX para produções de médio orçamento que bancou filmes tão diversos e significativos como “Clube da Luta” (1999), “O Diabo Veste Prada” (2006) e “A Culpa das Estrelas” (2014) e “O Ódio que Você Semeia” (2018), entre outros.
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O último longa da Fox 2000 será “The Woman in the Window”, com Amy Adams e Gary Oldman, depois tudo será história. A expectativa é que haja cerca de 4 mil demissões na reestruturação da Disney
que já conta com a Marvel, Pixar e LucasFilm como valiosos e estratégicos selos de seu império do entretenimento.
Com o lançamento de sua plataforma de streaming, o Disney +, ainda para este ano, essa reestruturação deve ganhar forma relativamente rápido. Se o fim da Fox 2000 sinaliza aquilo que já sabemos, que a empresa não acredita em filmes de médio orçamento, a manutenção da Fox Searchlight pode representar a disposição da empresa em jogar um jogo que a Netflix ainda não domina, mas tem levado vantagem.
Os filmes para adultos e para prêmios constituem a grande joia dessa divisão indie da FOX responsável por produções como “A Forma da Água” (2017), “Três Anúncios para um Crime” (2017), “Cisne Negro” (2010), “Quem Quer Ser um Milionário?” (2008), “Pequena Miss Sunshine” (2006), entre outros. A ideia de distribuir esses filmes em sua plataforma de streaming e competir por premiações, algo tornado possível neste ano com “Roma” da Netflix, é tão sedutora quanto estratégica.
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Você viu?
Para além da chegada dos X-Men e do Quarteto Fantástico ao Universo Cinematográfico da Marvel, a Disney possui agora um portfólio espetacular da FOX para enriquecer sua plataforma de streaming . De “Alien” a “Planeta dos Macacos”, passando por “Avatar”, “Os Simpsons” e “Arquivo X”, o catálogo do Disney + compreenderá uma parte da história do cinema e da TV resplandecendo uma ousadia que a própria Disney jamais teve enquanto produtora de conteúdo.
Há, ainda, algumas questões práticas. A Blue Sky, divisão de animação da FOX, continuará na ativa quando além da Pixar a Disney também tem produção própria? O canal FX, conhecido por séries violentas e complexas como “The Shield”, “Damages” e “The Strain” continuará referência nessa seara? Iger diz que essas marcas continuarão operando com a liberdade que lhes caracteriza e é muito fácil imaginar isso no curto prazo, mas a tendência é de que no longo prazo sejam adequadas à imagem e semelhança do império.
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Novo modelo de negócio
Com o streaming como grande campo de batalha na indústria do entretenimento, as fusões de Disney e Fox e AT&T e Warner Media não devem ser as únicas. Gigantes como Sony, Universal e Paramount precisam reagir. A aproximação entre Netflix e esta última já parece uma resposta ao movimento da empresa do Mickey e pode favorecer um cenário ainda mais concentrado no futuro.
Apple e Facebook, é bom lembrar, também se movimentam na área do streaming e devem contribuir para um esgarçamento desse modelo de negócio. Ainda é precoce fazer qualquer diagnóstico nesse sentido, até porque o impacto da Disney neste mercado e de sua plataforma de sreaming no mercado de entretenimento em geral ainda precisará ser mensurado e analisado. Mas os tempos estão mudando em Hollywood.