“Operação Fronteira” estreou na última quarta-feira (13) na Netflix após imensa campanha de divulgação. Certamente apenas “Bird Box” (2018), “Roma” (2018) e “Bright” (2017) tiveram mais propulsão promocional por parte da gigante do streaming.
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O 1º teaser, convém lembrar, foi lançado na CCXP 2018 em dezembro. Mas o caminho de “Operação Fronteira” para ver a luz do dia foi muito mais longo e tortuoso do que supõe todos aqueles que já assistiram ou estão curiosos pelo filme estrelado por Ben Affleck e Oscar Isaac.
Depois de dirigir “K-19: The Widowmaker” (2002), um filme sobre um submarino nuclear russo estrelado por Harrison Ford e Liam Neeson, Kathryn Bigelow tinha a ideia de fazer um thriller sobre a rota do tráfego de drogas ambientado na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. Não havia financiamento possível e ela e Mark Boal, produtor e roteirista e tão entusiasmado pelo projeto como ela, deixaram a ideia em banho-maria para fazer “Guerra ao Terror” (2009).
O filme vencedor de seis Oscars, incluindo o de direção para Bigelow, tornou quente em Hollywood novamente aquele projeto que então tinha o título provisório de “Spleeping Dogs”. A Paramount abraçou o projeto, mas o estúdio e Bigelow batiam de frente em muitas coisas. O estúdio, por exemplo, queria Will Smith para o protagonismo, enquanto a cineasta era resistente. Com um orçamento calculado em torno de US$ 80 milhões, Bigelow topou se reunir com o astro de “Homens de Preto” para ser convencida de que ele era o nome certo para o papel. Esse convencimento não aconteceu.
A cineasta então acenou positivamente para os nomes de Johnny Deep e Tom Hanks, que também agradavam o estúdio, mas era necessário ajustar os salários desses astros à realidade orçamentária do projeto. Como a coisa parecia empacada, Bigelow e Boal foram fazer para a Sony “A Hora Mais Escura”, outro filme que chegou bem ao Oscar e concorreu inclusive à estatueta de Melhor Filme.
A dupla voltou à carga para tirar o projeto sobre o filme ambientado na tríplice fronteira na América do Sul após o sucesso de crítica e público do longa estrelado por Jessica Chastain, mas Hanks e Depp já não estavam mais interessados no papel. Nomes como Sean Penn, Javier Bardem e Christian Bale foram sondados por produtores associados a Bigelow e ao estúdio, mas nada concreto surgiu dessas sondagens. Em 2015, Bigelow finalmente desistiu de dirigir o longa e foi fazer “Detroit em Rebelião” (2017), seu primeiro longa a não emplacar forte junto a crítica desde o Oscar em 2010.
A Paramount então chamou J.C Chandor, que havia causado boa impressão com “Margin Call – O Dia Antes do Fim” (2011) e “O ano Mais Violento” (2014) para tocar o projeto. Channing Tatum e Tom Hardy chegaram a assinar para estrelar o filme, mas depois de fracassos comerciais, mudança no comando da empresa e definição de novas estratégias, o estúdio cancelou o projeto em meados de 2017.
O estúdio, porém, mantém uma proximidade com a Netflix e já desenvolveram alguns acordos pontuais, como o lançamento global de “Aniquilação” (2018) e a venda dos direitos de “The Cloverfield Paradox” (2018). “Operação Fronteira”, a seu modo, também foi beneficiário dessa estreita relação.
A Netflix comprou o projeto e abordou Ben Affleck, Casey Affleck e Mahershala Ali, os últimos dois recém-premiados com o Oscar por “Manchester à Beira-Mar” e “Moonlight” respectivamente, para estrelar. Mark Wahlberg também foi sondado. Os tramites pareciam se desenrolar com muito mais rapidez sob a batuta da Netflix e Bigelow e Boal voltaram para o projeto como produtores.
Além de Affleck e Isaac, que só passou a ser cotado depois que Chandor, que trabalhara com ele em “O Ano Mais Violento”, assumiu o projeto, Charlie Hunnan, Garrett Hedlund e Pedro Pascal, atores menos famosos do que os nomes outrora aventados, fecharam para estrelar o filme.
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O roteiro de Boal foi reescrito por Chandor, mas o crédito de Boal foi mantido e “Operação Fronteira” , ainda que não especifique em que parte da América do Sul se passa, dá pistas de que seria na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru por algumas passagens, diálogos e objetos cênicos. Sem dúvida, o filme de Chandor – original da Netflix - é bem diferente daquele que Bigelow pensara nos idos dos anos 2000. Uma boa história que vai ficar confinada para sempre no “e se” de Hollywood.