Entre todas as categorias de atuação no Oscar, a mais encaminhada delas seguramente é a de Ator Coadjuvante. O americano Mahershala Ali (“Green Book: O Guia”) é o favorito absoluto na categoria após vencer os principais prêmios da temporada, entre eles Globo de Ouro, Bafta, SAG e Critic´s Choice.

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Mahershala Ali (Grenn Book), Adam Driver (Infiltrado na Klan), Sam Elliott (Nasce uma Estrela), Richard E. Grant (Poderia me Perdoar?) e Sam Rockwell (Vice
Montagem/divulgação
Mahershala Ali (Grenn Book), Adam Driver (Infiltrado na Klan), Sam Elliott (Nasce uma Estrela), Richard E. Grant (Poderia me Perdoar?) e Sam Rockwell (Vice

Completam a categoria de Ator Coadjuvante no Oscar Sam Elliott, indicado pela primeira vez após mais de cinquenta anos de carreira, por “Nasce uma Estrela”, Richard E. Grant por “Poderia me Perdoar?”, Adam Driver por “Infiltrado na Klan” e Sam Rockwell, vencedor na categoria no ano passado com “Três Anúncios para um Crime”, por “Vice”.

Se Driver, Elliott e Grant são estreantes no Oscar, Rockwell e Ali são vencedores recentes em uma categoria que viu poucos atores vencerem uma segunda vez e viu menos ainda triunfos em um curto espaço de tempo.

Walter Brennan, que venceu a primeira estatueta quando a categoria foi instituída no Oscar de 1937, ostenta três prêmios de ator coadjuvante. Além da vitória por “Meu Filho é Meu Rival” (1936), ele voltara a triunfar por “Romance do Sul” (1938) e “O Galante Aventureiro” (1940).

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reprodução/ABC

Sam Rockwell venceu em 2018 com "Três Anúncios para um Crime" na categoria e está novamente em competição com "Vice" em 2019

O feito que Sam Rockwell persegue, de vencer seguidamente na categoria, já foi conquistado uma única vez. A honraria cabe a Jason Robbards que ganhou em 1977 por “Todos os Homens do Presidente” e em 1978 por “Júlia”. Outros atores que conseguiram prevalecer duas vezes na categoria foram Melvyn Douglas por “O Indomado”, em 1964, e “Muito Além do Jardim”, em 1980; Michael Caine por “Hannah e Suas Irmãs”, em 1987, e “Regras da Vida”, em 2000; e Christoph Waltz por “Bastardos Inglórios”, em 2010, e “Django Livre”, em 2013.

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A situação da temporada e de Mahershala Ali se assemelha mais com Christoph Waltz. Assim como o ator austríaco, Ali pode receber seu segundo Oscar em um curtíssimo espaço de tempo, na mesma categoria e por sua segunda indicação. É quase como se um comportamento anômalo estivesse prestes a se repetir – ou que um raio caísse duas vezes em um mesmo lugar.

Você viu?

Ali, que ganhou a estatueta em 2017 por “Moonlight: Sob a Luz do Luar”, apenas seu sexto trabalho no cinema, é favorito absoluto ao Oscar em 2019 por seu papel em “Green Book” – e merecidamente! No filme ele dá vida a um músico de prestígio em Nova York que decide fazer turnê pelo Sul dos Estados Unidos no início dos anos 60, época de profunda segregação racial no país. O trabalho de Ali, um dos atores com mais técnica e recursos dramáticos em atividade no cinema hollywoodiano atual, é simplesmente fora de série.

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Divulgação

Mahershala Ali, que ganhou o Oscar em 2017 por "Moonlight", volta à baila e como favorito por "Green Book"

O nível apresentado pelo ator que primeiramente chamou atenção na série “House of Cards” e que pode se tornar o segundo negro (o primeiro foi Denzel Washington) – e o primeiro muçulmano – a vencer duas vezes um Oscar de atuação, só encontra par em Richard E. Grant, fenomenal na pele de um sujeito maltratado pela vida e com gosto elevado pelo álcool. Curiosamente, ambos vivem personagens gays com sutileza e afeto.

São duas performances que cativam e orientam o olhar da audiência para uma apreciação mais inteira de seus filmes.

Um show à parte

Richard E. Grant está divino em
Divulgação
Richard E. Grant está divino em "Poderia me Perdoar?" e é uma das grandes atrações dessa temporada de premiações

Seria justa a vitória de qualquer um desses dois no Oscar, mas a tendência é mesmo que Ali triunfe. A despeito dele ser menos coadjuvante em “Green Book” do que Grant o é em “Poderia me Perdoar?”, seu trabalho é tão residual e tocante que a Academia não deve se importar de premia-lo novamente em um tempo tão curto.

Todavia, é preciso fazer justiça às ótimas atuações que compõem a categoria. Sam Elliott, que está sendo uma das sensações da temporada com suas entrevistas e reações ao Oscar, tem cenas poderosas em “Nasce uma Estrela” e seu personagem, de certa forma, toma o pulso da audiência sobre os rumos da história de Jackson Maine (Bradley Cooper) e Ally (Lady Gaga).

Sam Rockwell é aquele tipo de ator que o Oscar descobriu muito tarde, mas que ficamos todos felizes por ter descoberto. Depois de arrasar como o policial interiorano racista e com problemas mentais em “Três Anúncios para um Crime” ele faz um George Bush que desvia da caricatura, mas não da memória do público em “Vice”.

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Divulgação/AMPAS

Sam Elliott e Adam Driver confabulam no almoço dos indicados ao Oscar, realizado no começo do mês

Adam Driver, nomeado por “Infiltrado na Klan”, é aquele ator tão natural que parece que nem está trabalhando. Todavia, nos entorpece com seu talento, carisma e versatilidade. No filme de Spike Lee, como um policial que atua infiltrado na Ku Klux Klan, Driver oferece um sumário dessas qualidades e pistas de que essa, talvez, seja a primeira de muitas indicações.

A disputa de ator coadjuvante chama a atenção em 2019 justamente por agregar estreantes veteranos e da nova geração com os dois últimos premiados na categoria. O Oscar e suas poesias.

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