A segunda temporada de "O Justiceiro" estreou na Netflix na última sexta-feira (18) sob a sombra dos cancelamentos das produções que a gigante do streaming tem em parceria com a Disney. Se esta for a última incursão do Frank Castle de John Bernthal, é um adeus e tanto o que os fãs terão.
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O segundo ano de "O Justiceiro" é ainda mais cadenciado do ponto de vista narrativo, com boas formulações existenciais a respeito do protagonista, submetendo-o a novas e dificeis interações, mas também reintroduzindo figuras de seu passado sob nova perspectiva.
Além de mais violento e com conflitos ainda mais bem delineados, o segundo ano da série se capitaliza por ofertar uma nova dinâmica cênica. Temos um Frank Castle mais inserido no universo feminino e uma das boas realizações dramáticas da temporada é observar os efeitos dessa inesperada realidade no amargurado personagem.
A temporada começa com um Frank nômade tentando se achar depois dos eventos que encerraram traumaticamente a primeira temporada e depois de mais de um ano na estrada ele finalmente encontra alguém com quem se conectar em Beth (Alexa Davalos).
O primeiro episódio do novo ciclo parece uma fusão do cinema de Richard Linklater (da trilogia "Antes do Amanhecer") com Quentin Tarantino. Vemos um Frank tentando se ajustar ao mundo, mas vemos um Frank também resistente a esse movimento.
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A ideia é boa e norteia a primeira metade da temporada. Frank protege uma adolescente que é alvo de um grupo paramilitar e adentra toda aquela loucura de violência que lhe é tão familiar. A relação com Amy (Giorgia Whigham), que estabelece uma bem-vinda e especulativa dinâmica de pai e filha, é um dos pontos altos do novo ano e faz com que Frank pondere muita coisa sobre si.
Quando a série volta para Nova York e Madani (Amber Rose Revah) e Billy Russo (Ben Barnes) passam a receber mais destaque, o ritmo oscila um pouco, mas os dois ainda são personagens reverberantes o suficiente para adensar a carga dramática de " O Justiceiro".
Madani, aliás, ganha um arco todo ele dedicado a explorar os sinais de seu estresse pós-traumatico. De certa forma, ainda que em proporções bem menores, ela caminha para onde Frank Castle está.
O show de Jon Bernthal
Frank Castle é um personagem singular e de abordagem complexa. Ou se faz um decalque de filme de ação dos anos 80 ou se penetra com imaginação e despreendimento no material original. Jon Bernthal optou pela segunda opção. Para todos os efeitos ele é o Frank Castle definitivo. Além da intensidade dramática, da perfeita adequação às cenas de ação e do carisma de aço, sua compreensão de todas as camadas de Castle propicia momentos de genuína emoção em uma série que talvez prescindisse desse nível dramático.
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O fim?
Ainda não oficial, é praticamente certo que o segundo ano é o último da série. O desfecho da temporada funciona perfeitamente como fim da série provendo o encerramento de um ciclo para Castle e todos os personagens que o gravitam e dando relevo ao mito do justiceiro .