Se tudo correr como esperado, "Nasce uma Estrela" e "Vice" serão os grandes vencedores da 76ª edição do Globo de Ouro, que acontece neste domingo (6) em Los Angeles, nos EUA, e tem transmissão da TNT às 23h no horário de Brasília.
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Mas se existe um ano em que as zebras podem aparecer no Globo de Ouro é este. É comum a Associação dos Correspondentes Estrangeiros de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês) prestigiar produções recheadas de astros hollywoodianos e não há filmes que mimetize mais essa característica do que os dois citados.
Não obstante, "Vice" , novo longa de Adam McKay, que trata da vida de Dick Cheney, vice de George W. Bush em seus dois mandatos como presidente dos EUA (2001-2008), é um filme que aborda a agenda liberal e o modo de fazer republicano enquanto Trump está no poder. O filme lidera a corrida com seis indicações e é favorito pelo menos em duas, filme em comédia e ator com Christian Bale.
Se "Nasce uma Estrela" , que tem cinco indicações, é o virtual vencedor entre os filmes dramáticos, "Pantera Negra" e "Infiltrado na Klan", dois filmes que politizam a questão racial de maneira agura, ainda que diversa, são as maiores ameaças.
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Se os principais prêmios da noite espelham uma forte politização, a cerimônia em si deve ter um tom completamente diferente dos últimos anos - em que a eleição de Trump e o #metoo fervilharam. Os anfitriões Andy Samberg e Sandra Oh já sinalizaram que não pretendem politizar com suas piadas.
Sem mulheres entre os diretores
Entre os diretores, são grandes as chances de Alfonso Cuarón triunfar com "Roma". Ele já venceu em 2014 com "Gravidade", mas as vitórias de Spike Lee e Adam McKay não podem ser descartadas.
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A categoria tem ainda Peter Farrely ("Green Book") e Bradley Cooper ("Nasce uma Estrela") e gerou bafáfá por não ostentar nenhuma mulher entre os nomeados. Bons trabalhos não faltavam, mas a pressão sobre a HFPA não é tão intensa como é sobre a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que outorga o Oscar.
Atuações
Se Christian Bale é o nome a ser batido entre os atores de comédia, com Viggo Mortensen correndo por fora por "Green Book", não há nenhuma certeza na categoria de ator dramático. A HFPA parece ter ficado muito impressionada com o trabalho de Rami Malek como Freddie Mercury em "Bohemian Rhapsody" e não seria nenhum absurdo imaginar a vitória do ator, que já ganhou um Globo de Ouro pelo trabalho na série "Mr. Robot".
Também vivendo um músico, Bradley Cooper, que está triplamente indicado na noite, pode finalmente vencer seu primeiro Globo de Ouro nesta categoria. De fato, seu trabalho em "Nasce uma Estrela" é o seu melhor como ator até a data.
John David Washington ("Infiltrado na Klan"), Willem Dafoe ("No Portal da Eternidade") e Lucas Hedges ("Boy Erased - Uma Verdade Anulada") completam a lista com chances remotas.
Entre as atrizes, a ala dramática já parece definida em favor de Lady Gaga com todo o seu star power, mas não dá para descatar Melissa McCarthy por "Poderia me Perdoar?". Afinal, comediantes em papeis dramáticos sempre emplacam no Globo de Ouro, outra divergência da premiação em relação ao Oscar.
Na ala da comédia, o troféu deve ir mesmo para Olivia Colman, sublime como a rainha carente de "A Favorita", mas o excelente ano de Emily Blunt, encantando nos cinemas como Mary Poppins não pode ser menosprezado. É ela quem reúne as melhores chances de prêmio para o filme, que ostenta inesperadas quatro indicações.
Entre os coadjuvantes, Mahershala Ali ("Green Book") e Richard E. Grant ("Poderia Me Perdoar?") despontam um degrau acima dos concorrentes e entre as mulheres o duro páreo entre as atrizes de "A Favorita" (Emma Stone e Rachel Weiz) pode beneficiar Amy Adams ("Vice") ou até mesmo Regina King ("Se a Rua Beale Falasse").
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Prêmio certo para a Netflix
Até pelo espaço dado a "Roma" na premiação, na comparação com seus concorrentes na categoria de Filme em Língua Estrangeira, é difícil crer que o filme de Alfonso Cuarón não prevaleça ao menos aqui no Globo de Ouro . Já em canção, teremos outro embate entre "Pantera Negra" e "Nasce uma Estrela", mas aqui o segundo parece mesmo imbatível.