Entre os dias 6 e 9 de dezembro os aficionados por cultura pop não falavam de outra coisa. A quinta edição da Comic Con brasileira, realizada no pavilhão da São Paulo Expo, atraiu 262 mil visitantes. Além do recorde de público, a CCXP 2018 recebeu 42 delegações de Hollywood, outro feito inédito e superlativo para um evento de cultura pop realizado fora dos EUA.
O CEO da Omelete Company, 0Mantovani, celebrou esses e outros números da CCXP 2018 . “Queremos que o mundo conheça a qualidade de entrega do Brasil quando o assunto é o universo do entretenimento. Todos os estúdios estão aqui nos prestigiando e trazendo seus conteúdos ainda não vistos por outros países”.
Todos os grandes estúdios internacionais se preocuparam em trazer convidados, uns com maior peso do que outros, para prestigiar os fãs brasileiros que viram até mesmo um painel dedicado a um produtor brasileiro de sucesso em Hollywood. A RT Features dividiu as atenções com Transformers e “ Game of Thrones ” no principal auditório do evento na quinta-feira (6).
Avaliação dos grandes painéis
Entre os estúdios, Warner e Paramount deixaram ótimas impressões com painéis bem elaborados em que os lineups de 2019 foram bem contemplados, enquanto que a Disney optou por fragmentar seus painéis durante o sábado. O primeiro, que apresentou lançamentos próximos do estúdio, não empolgou o público, mas as apresentações de “Vidro”, que contou com o sempre agradável e interessante M. Night Shyamalan, e da Marvel, com as luxuosas presenças de Brie Larson e Sebastian Stan, foram muitíssimo bem recebidos. Diferentemente de 2017, o estúdio exibiu material exclusivo na feira, mas não evitou o amargor provocado por lançar os trailers de “Capitã Marvel” e “Vingadores: Ultimato” na semana do evento, mas fora da Comic Con.
O terceiro dia da convenção teve o melhor painel da história do evento no Brasil. A Sony, que já havia causado sensação em 2017, roubou a cena com convidados surpresa (Tessa Thompson, Jake Gyllenhaal e Tom Holland) e muito material exclusivo – inclusive trailers de “MIB – Internacional” e “Homem-Aranha: Longe de Casa” que só serão disponibilizados online em um futuro não tão próximo.
O Fator Netflix
Peso-pesado da convenção geek, a Netflix ficou devendo em 2018. Apesar de ostentar quatro painéis e trazer convidados de peso como parte do elenco de “Stranger Things” e Sandra Bullock, os painéis do estúdio não provocaram a sensação experimenta no ano anterior. Em contrapartida, a empresa viu o painel da concorrente Amazon Prime Vídeo, que também se tornou patrocinador máster do evento, ser muito bem avaliado e o astro Ricky Whittle, de “American Gods” roubar a cena durante os quatro dias de evento.
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Inverno xoxo
Último grande painel em feira de cultura pop antes da estreia da última temporada, a apresentação de “Game of Thrones”, que contou com os criadores e dois atores cujos personagens chegaram vivos ao último ano. Sem conteúdo e maiores detalhes sobre a temporada final, o painel da HBO ficou devendo.
Aprendendo a ser grande
De maneira geral, a Comic Con brasileira está demonstrando maturidade em lidar com os problemas do crescimento. Depois de deixar impressões negativas em relação à organização em 2017, o saldo deste ano é positivo.
Ar condicionado funcional, banheiros limpos, filas organizadas, ainda que grandes, dedicação do staff e dos seguranças na viabilização de uma experiência otimizada para todos foram destaques positivos, assim como a disposição das marcas expositoras em agregar e facilitar a vida do visitante. Neste ponto, porém, ainda é preciso evoluir. É muito difícil conseguir usufruir dos principais estandes do evento. É preciso desenvolver soluções criativas para que o público viva mais intensamente a convenção.
A experiência do visitante, que paga caro para estar ali, precisa ser mais bem pensada. No domingo (9), por exemplo, desde a madrugada havia pessoas na fila do principal auditório da feira para o último painel do dia, o de “Stranger Things”, e dispostas a travar a programação de quem queria assistir painéis anteriores.
Se a pontualidade foi britânica na programação do auditório principal, o mesmo não se verificou nos outros, como o Ultra, que enfrentou atrasos constantes prejudicando o trabalho da imprensa e a programação dos visitantes.
A CCXP 2018 reitera lições de outros anos. A organização precisa encontrar pontos de equilíbrio entre os interesses dos expositores e marcas parcerias e do público frequentador. Muitos estandes deixaram a desejar e os que capricharam ficaram inacessíveis para grande parte dos visitantes. A convenção de cultura pop brasileira veio para ficar, mas esses ajustes são imprescindíveis para perenizá-la.
*Com reportagens de Brunno Kono, Gabriela Mendonça e Karine Seimoha