Quarta série da parceria entre Marvel e Netflix a ser lançada em 2018, “Demolidor” chega para sua terceira temporada, disponível em sua integralidade a partir desta sexta-feira (19), com a autoridade de ter sido o primeiro e mais bem azeitado produto da parceria.
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No novo ano de “Demolidor” flagramos Matthew Murdock (Charlie Cox) em crise emocional, física e psicológica. Após a morte de Electra (Elodie Yung) e dos eventos desestabilizadores ocorridos no 2º ano e também em “Os Defensores”, Matt perdeu seus poderes e está muito debilitado fisicamente. Resgatado pelo padre que sempre lhe foi confidente, ele se recupera na igreja enquanto questiona sua fé, princípios e moral.
A relação de Murdock com a culpa cristã sempre foi um dos trunfos do personagem e algo muito bem dimensionado pela série, criada por Drew Goddard e Steven S. DeKnight, e que volta a ser ponto de inflexão no terceiro ano .
Se no final da temporada anterior vemos Matt disposto a renunciar ao demônio de Hell´s Kitchen, agora o encontramos disposto a abraça-lo por inteiro. Depressivo e propenso a auto sabotagem, ele entra em uma particular e atordoante viagem ao inferno quando descobre que Wilson Fisk, agora na condição de colaborador do FBI, vai deixar a prisão e seguir para um encarceramento residencial.
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Um vilão maiúsculo...
A série acerta em recorrer à figura de Fisk para pavimentar a terceira temporada. O personagem ostensivo, inteligente, violento, parrudo e francamente fascinante defendido com unhas, dentes e expressões desorientadoras por Vincent D´Onofrio é do tipo que torna qualquer produção melhor. O ator domina a psicologia de Fisk de maneira vultosa e sua química com Cox é sempre explosiva.
O retorno de Fisk se dá em um momento de especial fragilidade para Murdock, que se esforça para afastar-se de Foggy Nelson (Elden Hanson), decido a disputar o cargo de promotor com a plataforma de endurecer a vida de Fisk facilitada pelos federais, e Karen (Deborah Ann Woll), a mesma intrépida repórter de sempre.
As visões de mundo de Matt, Foggy, Karen, Fisk e o choque inerente entre elas continuam fornecendo um subtexto primoroso para a série que, a julgar pelos seis primeiros episódios aos quais o iG Gente teve acesso antecipado, se mantém como a mais insinuante e bem formulada produção da parceria entre a Marvel e a gigante do streaming.
... e um novo vilão
Os conflitos bem articulados de Murdock continuam a bombear oxigênio na série, mas novos personagens irrigam novas tensões e dramas. Há um agente do FBI na linha de frente do caso Fisk que pode ser apenas um peão no jogo de xadrez entre Fisk e Murdock. Há, ainda, outro agente chamado Dex, com claras tendências psicopatas, que entra no radar de Fisk. O público das HQs logo vai perceber que se trata do Mercenário, um dos grandes antagonistas do herói.
A maneira como Fisk arquiteta tudo ratifica o personagem como um vilão diferenciado dentro do contexto do universo Marvel. É ele, e somente ele, aquele que consegue conciliar elementos das HQS, cinéticos e ainda ser essencialmente novo e original.
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“Demolidor” pressionado
Com duas boas temporadas na conta, “Demolidor” flerta com o fim de carreira na Netflix. Os gatilhos emocionais, todavia, ainda estão lá. Matt ainda é um personagem cativante e a narrativa consegue ser suficientemente coesa e atraente. O terceiro ano, após a notícia do cancelamento de “Punho de Ferro”, será providencial para a medição da sustentabilidade desse universo Marvel na Netflix.