A adolescência é o período da obsessão, quando os jovens se veem rodeados de novas informações e com muito tempo livre. Soma-se isso a internet, e os artistas ganham fãs fervorosos nessa faixa etária. E esses fãs são materializados na forma de três meninas em “Tudo Por um Popstar”, filme baseado no livro de Thalita Rebouças.
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Manu ( Klara Castanho ), Gabi ( Maisa ) e Ritinha (Mel Maia) são amigas desde a infância e, agora adolescentes, nutrem um amor levemente obsessivo pelo trio Slava Body Disco Disco Boys (mais sobre esse nome peculiar adiante). As três tem a vida revirada quando descobrem que os meninos farão um único show no Brasil e, unindo suas forças decidem tentar a sorte de conhecê-los, literalmente fazendo tudo por um popstar .
As três têm características aparentemente superficiais: Manu é a líder, Gabi a hippie e Ritinha a nerd, mas o roteiro, assinado por Thalita com colaboração do diretor Bruno Garotti, tem o cuidado de não deixa-las caricatas. A positividade de Gabi é sempre posta à prova por Ritinha, pessimista, enquanto Manu tem uma leve soberba de quem comanda as coisas.
Mesmo assim, elas se conhecem muito bem e se complementam, e o laço criado pelas atrizes é convincente. E é justamente a amizade das meninas que faz o filme valer a pena, compensando as situações inverossímeis e um tanto repetitivas que elas enfrentam ao longo da história.
O objetivo das três pode até ser conhecer os ídolos, mas é a maneira como elas aprendem a lidar umas com as outras que moldará suas amizades deste momento em diante. O filme, porém, não encontra equilíbrio entre as meninas-amigas e as meninas-fãs. Enquanto é interessante ver a relação delas crescer, amadurecer e se modificar, tudo relacionado à perseguição ao trio de cantores é irritante.
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Com o objetivo de ser um filme voltado para os jovens, a história parece na verdade tirar sarro desse comportamento adolescente, fato evidente até mesmo no esdruxulo nome dado a banda. Uma mistura de One Direction com BTS, os Slava Body Disco Disco Boys não tem como ser levados a sério com este nome, mesmo com o esforço do filme em criar uma identidade para a banda, com a gravação de clipes e apresentação de várias músicas.
João Guilherme, o líder desse trio, praticamente não tem falas e seus companheiros menos ainda. Para que o público compreenda o apelo desses meninos para essas garotas, é preciso entender melhor quem eles são e o filme não se dá a esse trabalho.
O ritmo do início do filme, com as três dividindo a tela e mostrando o que gostam de fazer enquanto ouvem a banda, não se reflete ao longo do filme. Ao tentar fazer um retrato honesto adolescente, o longa acaba caindo em uma série de clichês. Klara Castanho, porém, consegue levar a história e é generosa com as outras atrizes, dando chance para que Maisa e Mel Maia possam brilhar, o que elas fazem.
As três mostram total intimidade com as câmeras e as paulistas Maisa e Klara capricham no “caraoquês”. Para completar, Giovanna Lancellotti abraça Babete, prima de Manu que embarca com as meninas nessa aventura, de corpo e alma. Uma personagem pequena se torna grande em sua composição, e a Babete vira aqueles papeis que te fazem rir ao não encontrar seu lugar no mundo ao mesmo tempo em que serve de inspiração.
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“ Tudo Por um Popstar ” não faz nenhuma grande reflexão sobre adolescência, mas também não julga essa tal obsessão. É uma plataforma que funciona para um público muito específico, mas, principalmente, para alavancar a carreira das atrizes, que dão um salto para protagonistas com propriedade.