Na vastidão de programação e conteúdo ofertados pela Netflix é difícil se deparar com algo capaz de mobilizar o interesse de uma ampla maioria da base de assinantes da gigante do streaming. “Explicando”, porém, parece ser um desses casos de desafio à lógica.
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Produzida pela Netflix em parceria com a britânica VOX , a série documental se distingue no horizonte pelo formato enxuto – são episódios com menos de 20 minutos – e pela pluralidade temática. A cada semana “Explicando” examina e discorre sobre um tema diferente.
A questão racial pelo viés salarial, monogamia, críquete, eSports , K-Pop, mercado de ações, falência das dietas, vida extraterrestre, criptomoedas e maconha são alguns dos temas dessa série inusitada, leve, instrutiva e dona de um imenso potencial de entretenimento. A primeira temporada tem 20 episódios e 13 deles já estão disponíveis na plataforma. Um novo é liberado toda quarta-feira.
Decifrando “Explicando”
A série combina linguagem visual de mídias sociais com o escrutínio e balizas de um bom trabalho jornalístico, mas não se furta a receber as dádivas da cultura pop. Em um episódio sobre vida extraterrestre, por exemplo, “Star Trek” surge como referência, enquanto que em outro sobre monogamia, as comédias românticas ganham vez.
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Pontos fortes...
A diversidade dos temas salta aos olhos. A cada semana a série se reinventa. Essa possibilidade de ser uma série sobre o que se quiser ser não só é apaixonante, como revigorante. E um tanto intrigante para o público. A maneira cadenciada com que os assuntos são abordados também é um ponto positivo.
Há um episódio em que o ponto de exclamação é o foco. É uma proposta sedutora e incomum analisar o valor agregado, principalmente na era digital, a um sinal de pontuação. A maneira oxigenada e divertida com que a investigação proposta pela série é conduzida ganha o público de imediato.
Outro aspecto que joga a favor da série é a possibilidade de recorrer à ciência e à cultura pop em igual medida, sem deixar de ser também uma série sobre economia criativa, comportamento ou sexo. O horizonte para “Explicando” é límpido e entusiasmante.
... e negativos
Em um show com a proposta de ofertar pílulas de conhecimento, no entanto, não há lastro de profundidade. O que não chega a ser algo exatamente ruim, no entanto, depõe contra a perenidade de uma série com a proposta de “Explicando”. É possível intuir que a série se esgote mais rápido do que programas que se moldem em cima de especificidades.
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“Explicando” é, ainda, um denominador comum para tempos que algoritmos decidem o que espectador deve ou não assistir e, nesse sentido, é um programa forjado à luz dessa realidade. Algo que reúne apelo suficiente para seduzir uma gama de espectadores cujo interesse por seus temas seja meramente circunstancial. Um fato que talvez rendesse um bom episódio da série.