Cada vez mais a luta contra o preconceito está abrindo novas portas para o público LGBTQI . Uma demonstração eloquente dessa nova realidade é a Funtastic, primeira gay band brasileira. Composta por quatro dançarinos gays que já subiram no palco ao lado de Anitta e Ludmilla e hoje estão construindo a sua carreira não mais na sombra de artistas, mas sim como a principal atração.
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A nova era de dançarinos composto por integrantes não héteros começou a chamar atenção após as cantoras Anitta, Ludmilla, Valesca e Pabllo Vittar incluirem dançarinos da comunidade LGBTQI e plus size durante os seus shows e clipes. A cantora do hit Vai Malandra incluiu também no seu ballet uma cadeirante, atleta paraolímpica e dançarino com Síndrome de Down, que provaram seu talento e derrubaram as barreiras do preconceito durante a apresentação do "Prêmio Multishow 2017".
Primeira gay band do Brasil
Integrantes do grupo Funtastic , os dançarinos Bibiu, Jhury Nascimento, Lucas Oliveira e Thiago Basseto, também já estiveram ao lado da cantora e não escondem que ela é uma das reponsáveis por abrir a porta para a diversidade nos palcos: "Anitta foi a pioneira brasileira em colocar bailarinos gays que pudessem dançar da maneira que quisessem, que pudessem colocar figurinos da maneira que quisessem num palco mostrando a liberdade e representatividade. E logo em seguida veio a Ludmilla, Valesca e agora Pabllo Vittar, que é uma grande representatividade pra gente, uma dragqueen cantora que abriu muitas portas não só pra gente, mas para o cenário LGBT como um todo", conta Jhury.
A abertura que as artistas estão dispostas a colocar em seu ballet possibilita que dançarinos como os integrantes da Funtastic possam revelar algo além da sua orientação sexual: "Um grupo de quatro meninos que cantam e dançam, se a galera tivesse acesso a esse trabalho antes, nessa qualidade, acho que eles passariam a ver o gay de outra forma, não como aquele gay da sátira que é sempre comédia, sempre do mesmo jeito. Nós gays não somos do mesmo jeito sabe (...) É muito importante a galera ter acesso a essa informação para poder abrir a cabeça, de ver que nem todos, apesar de sermos gays, somos iguais, e que sim, podemos fazer um trabalho de qualidade", revela Thiago Basseto.
Se ela dança, eu também danço
Convidado por Anitta para fazer parte do seu ballet, inclusive na apresentação do "Prêmio Multishow 2017", Felipe Campus, modelo e dançarino plus size, dança desde os seus 11 anos, com participações em grupos de dança de rua, que já sentiu na pele o preconceito, não por ser um dançarino homem, mas por ser um dançarino gordo.
"Quando estou ao lado do palco para fazer ensaio geral ou já para me apresentar, sinto olhares tortos, como quem se pergunta 'o que eu vou fazer ali em cima'?! Se eu for dar atenção pra tudo isso que acontece a minha volta, eu nem viveria mais, porquê sofri preconceito por ser gordo em todos os lugares, das maiores piadas até aquelas menores que as pessoas julgam como normal na sociedade. Só se for pra elas porque eu não gosto, nunca! Mas, não me canso de mostrar o meu trabalho e dizer que sou gordo sim e danço. E dai?!", conta.
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Quem também se identifica com essa história é Basseto, relembrando que o Brasil, além de ser um dos países que tem a maior festa LGBT contra a homofobia e preconceito, também é o país que mais mata LGBTQI no mundo.
O dançarino recordou que mesmo com toda discriminação, não deixou de seguir o seu coração, sabendo que amar uma pessoa do mesmo gênero não pode ser errado: "(...) São os dois lados da balança no mesmo lugar. É muito difícil, eu particularmente, sofri várias situações de homofobia e preconceito, uma piada que escapou aqui em uma roda ou uma situação em que tentaram te ridicularizar e todo mundo ri, esse tipo de situação chata né. Mas, não foi pior eu acredito porque a gente sempre se impôs muito, a gente sempre soube o que a gente queria, soube dos nossos valores sempre", revela.
Eu quero é mais!
A Funtastic lançou o seu primeiro single de trabalho Balança a Raba , mas revelando que a próxima faixa de trabalho é feita exclusivamente pela madrinha do grupo, a funkeira Ludmilla: "A nossa relação com as outras artistas graças a Deus é a melhor possível, foram artistas que deram muito apoio para a gente. A Ludmilla é a nossa madrinha, ela foi a primeira a abençoar o nosso projeto, ela escreveu uma música, inclusive que é o nosso próximo single Não vou Parar , e as outras também super deram apoio e incentivaram", conta Jhury.
Mais que uma tendência no mundo artistico, lutar pela diversidade e inserir dançarinos de diferentes gêneros, sexo, orientação sexual ou qualquer que seja o motivo, é lutar persistentemente para um mundo mais plural: "Inclusive acho que nós dançamos muuuuuuito mais do que muito heteros por aí. (risos) Brincadeiras à parte, isso já está se tornando uma verdade, difícil você ver um ballet de algum grupo ou cantora que não tenha pelo menos um. Nós que dançamos temos que ser livre de preconceitos, até porque dançamos também para quebrar exatamente isso, o preconceito!", conclui Felipe que atualmente faz parte do ballet da artista Gabbi.