Tatá Werneck e Cauã Reymond vêm de carreiras bem distintas, na TV e no cinema. Enquanto o ator tem investido nos dramas cada vez mais densos, Tatá se estabeleceu, principalmente depois do “Lady Night”, como um dos maiores nomes da comédia nacional. Assim, a união do par em “Uma Quase Dupla” parecia intrigante e podia dar muito certo ou muito errado.

Tatá Werneck e Cauã Reymond unem forças e mostram boa química em
Divulgação
Tatá Werneck e Cauã Reymond unem forças e mostram boa química em "Uma Quase Dupla", que estreia em 19 de julho

O resultado é a primeira opção e os dois se valem da máxima de que os opostos se atraem e se complementam no filme de Marcus Baldini que estreia na quinta-feira (19). “ Uma Quase Dupla ” se passa em Joinlândia, uma cidade fictícia do Rio de Janeiro onde a gentileza e a política da boa vizinhança imperam.

Leia também: Com bom-humor, Cauã Reymond e Tatá Werneck fazem dupla improvável no cinema

Nesse cenário, Cauã é Cláudio, o subdelegado claramente despreparado para o cargo, e ainda convivendo à sombra de seu falecido pai. Quando um assassinato acontece na cidade, ele precisa conviver com Keyla (Tatá Werneck), experiente policial que veio do Rio de Janeiro para conduzir a investigação.

undefined
Divulgação

Tatá se destaca, mas elenco mostra sintonia no filme

O típico filhinho da mamãe (Marlize, numa ótima ponta de Louise Cardoso), Cláudio é incapaz de se impor, seja com Keyla, seja com o delegado Moacir (Ary França) ou até mesmo com conhecidos que o param na rua no meio do trabalho para bater papo.

Cauã mostra certo engessamento na comédia, e funciona melhor quando responde aos impulsos de Tatá do que quando está por conta em cena, mas ainda assim conseguiu achar a leveza necessária para o personagem se contrapor a Keyla.

Já Tatá cresce muito além de seus 1,52 m. Sua presença preenche a tela em cada cena, e é dela que vem a força do filme. Além do timing cômico perfeito e de frases de improviso que arrancam risadas, ela se mostra à vontade até demais como a policial durona e teimosa, que não consegue se conectar de verdade com ninguém.

Leia também: Tatá Werneck atriz ou apresentadora? Analisamos onde ela é mais essencial

Thriller de comédia

Para além da ótima química entre os dois, “Uma Quase Dupla” não usa a comédia como muleta para uma história vazia. Pelo contrário, a trama gira em torno de um assassinato que tem ares de “nonsense”, ao mesmo tempo em que gera momentos de suspense.

Se a dinâmica da dupla lembra “Starsky e Hutch”, o thriller remete a “Seven”, desde a iluminação até a câmera em primeiro plano que desvenda a cena ao mesmo tempo em as personagens. Os dois gêneros são muito bem dosados, criando um conflito entre o riso e o terror.

Os opostos em "Uma Quase Dupla"

Os opostos se atraem: Cauã Reymond e Tatá Werneck convencem como dupla de detetives
Reprodução
Os opostos se atraem: Cauã Reymond e Tatá Werneck convencem como dupla de detetives

Essa dualidade, inclusive, se faz presente em todo o filme. Nos personagens principais, claro, mas também da mistura de gêneros, na trilha sonora que hora emula o suspense, hora expõe Tiago Iorc como o poeta da vizinhança, e até mesmo nos coadjuvantes e possíveis suspeitos, que deixam a constante dúvida sobre sua inocência.

Talvez o filme não funcionasse tão bem sem Tatá, mas ela é generosa o suficiente para compartilhar seu timing com os colegas, e garante que todos tenham seu destaque.

Leia também: Nova série brasileira da Netflix, "Samantha!" satiriza o vale tudo pela fama

Mesmo gastando algumas boas piadas no trailer, e com cenas um pouco mais longas do que o necessário, “Uma Quase Dupla” acerta em oferecer uma comédia popular, gênero que agrada as bilheterias brasileiras, enquanto cria algo autoral e substancial, fazendo rir sem cair nas piadas bobas que tanto saturam a comédia na atualidade.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!