É sempre interessante ver quando artistas buscam novas referências e novos sons em seu trabalho. A gente se renova, amadurece, muda, e nossos conhecimentos e gostos nos acompanham. Por isso, seria injusto renegar um trabalho só por que a proposta dele é ser diferente. Diferente pode ser bom. Mas, no caso do Arctic Monkeys não foi tão bom assim.
“ Tranquility Base Hotel & Casino ” quase foi um disco solo do vocalista Alex Turner como ele mesmo informou a Revista Mojo e talvez, se tivesse se mantido assim, o disco teria mais êxito. O sexto álbum do Arctic Monkeys , lançado na ultima sexta-feira (11) não é um disco ruim, mas esta longe de ser ótimo.
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“Eu só quero ser um dos Strokes”. É assim que Alex Turner começa Star Treatment , devaneio do vocalista que não tem refrão, mas se encaixa muito bem como som de lounge, ou a boa e velha música de elevador.
Essa pegada “lounge” e com pouca personalidade se mantém até a quarta faixa, que dá nome ao disco. A partir daí, Turner começa a experimentar com sua voz e, embora funcione, representa um pouco do que o disco é como um todo: uma tentativa de encontrar uma nova identidade.
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Arctic Monkeys em busca do novo
Esse não é o primeiro, nem o segundo trabalho da banda britânica a gerar certo desconforto nos fãs que aguardam ansiosos pela próxima I Bet That You Look Good On The Dance Floor . Mas a verdade é que esse AM não existe mais, e com "Tranquility" isso fica evidente.
O disco lembra "Suck It and See" na experimentação, mas enquanto o álbum de 2011 resulta em algumas faixas diferentes, porém marcantes, como B rick by Brick e The Hellcat Spangled Shalalala , “Tranquility” passa batido e até funciona em conjunto se você reunir os amigos em casa e quiser algo tocando despretensiosamente ao fundo. Mas, funciona menos se você procurar um hit específico. Talvez por isso a banda tenha optado por não lançar nenhum single em antecipação ao lançamento.
Ainda assim, o trabalho evolui faixa a faixa. Golden Truncks , a quinta do disco, parece ser a primeira que realmente funciona e tem uma identidade própria. Já F our Out Of Five faz melhor uso das habilidades vocais de Turner.
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O Arctic Monkeys é inventivo e isso fica claro a cada novo trabalho da banda. Embora “Tranquility” não seja um disco fácil, que cativa na primeira ouvida, ele melhora cada vez que você ouve. Ao menos, o disco deixa uma coisa clara: o Arctic Monkeys do passado acabou e a banda segue buscando esse novo. Tomara que seja melhor no futuro.