As reverberações do “Me Too” e do diálogo aberto no último ano em Hollywood continuam acontecendo por toda a indústria cinematográfica. O Festival de Cannes, que começou na última terça-feira (08) não ficou de fora e, com um júri presidido por uma mulher, viu um protesto surgir na manhã deste sábado.
Cate Blanchett e Agnès Varda ficaram a frente das 82 mulheres que tomaram a escadaria do Theâtre Debussy durante o Festival de Cannes na manhã deste sábado (12), alertando para a falta de oportunidade para mulheres na indústria, principalmente por trás das câmeras.
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O número não é aleatório: em seus 17 anos de existência, apenas 82 filmes dirigidos por mulheres foram selecionados para a competição principal, enquanto os representantes do sexo masculino somam 1645 longas no mesmo período.
“Nós esperamos que os nossos governos garantam que as leis de igualdade salarial e igualdade de trabalho sejam cumpridas. Nós exigimos que nosso ambiente de trabalho seja diverso e igual, para que reflita de maneira adequada o mundo em que vivemos. Um mundo que permite a todos nós, na frente e atrás das câmeras, prosperar igualmente”, disse Blanchett em parte de seu discurso em inglês, enquanto Varda repetia as palavras em francês.
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Ava DuVernay, Kristen Stewart e Léa Seydoux, que também integram o júri, participaram do protesto, assim como outros nomes conhecidos como Marion Cotillard, Patty Jenkins e Salma Hayek.
Mudanças profundas
O último ano viu uma série de denúncias que abalaram as estruturas de Hollywood. Muitas mulheres começaram a denunciar assédio sexual em seu ambiente de trabalho, fazendo com que a indústria repensasse a maneira como as mulheres são tratadas na frente e atrás das câmeras.
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Seguindo essa onda, era imaginável que um dos maiores festivais de cinema também impusesse esse questionamento. Na abertura do Festival de Cannes , Blanchett comentou sobre “mudanças profundas” que precisam acontecer na indústria para que a mesma alcance igualdade de gênero.