Conhecida por ser dona do hit Era Uma Vez , a cantora Kell Smith não tem medo de expor o que sente em suas letras. Filha de pastores missionários, Smith sempre teve proximidade com a música , em especial a gospel, mas agora trilha um caminho há quatro anos em que desenha sua própria trajetória, aberta a todas as cores que a arte pode lhe proporcionar.
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“A música sempre foi uma maneira de expressar aquilo que a gente sente e vive”, conta Kell Smith ao iG Gente . “Em minha opinião, acredito que se perdeu um pouco esse objetivo em si do artista e do compositor, mas ainda tem muita gente engajada em falar coisas relevantes”, completa a cantora.
O disco “Girassol”, lançado no final de abril e que marca o primeiro álbum de estúdio da cantora, traz uma série de canções que, para ela, refletem a materialização de tudo o que ela descobriu sobre si mesma e das mensagens que ela gostaria de compartilhar em 14 canções autorais.
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Arriscando-se, Smith explora sua potencialidade em diversos ritmos, desde a MPB, como fez com o hit Era uma Vez até mesmo no rap, com Marcianos . Seu trabalho de estúdio também traz compilado a canção Respeita as Mina , que teve um vídeo-manifesto publicado em maio do ano passado com a participação de artistas como Fabi Bang, Luiza Brunet, Astrid Fontenelle e Luiza Possi.
“O artista não pode ser imparcial ao que está acontecendo”, explica a cantora. “Eu não posso simplesmente fazer dançar. Posso causar a dança sim, mas também posso fazer pensar. É necessário. O conhecimento liberta”, completa, relembrando as mensagens de Nina Simone, conhecida não só por sua arte como também pelo seu ativismo político.
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Para ela, a música pode ser uma ferramenta não apenas de entretenimento, mas também de cura e, por isso, a produção do hit se fez essencial para o atual momento social. “Nela eu falo sobre bom senso, sobre respeito. Quis deixar mais objetivo e mais simples o discurso do feminismo que foi tão contrariado. Não devemos nos calar diante da violência”, opina a cantora, que vê com bons olhos a ascensão musical de artistas femininas no Brasil.
Kell Smith e o sucesso de Era Uma Vez
A rápida evolução do seu trabalho na indústria da música, por sua vez, também é algo a ser comemorado. “Ainda não caiu a ficha, eu espero que não caia nunca, para que não suba a cabeça”, comenta.
Para a cantora, a canção Era Uma Vez foi fruto de uma composição despretensiosa que ela não imaginava alcançar tanto sucesso. “Fico feliz que a minha música chegou antes da minha imagem. As pessoas sabiam que a música existia antes mesmo de saber quem era Kell Smith. Eu fico feliz que isso tenha acontecido”, reflete.
A composição, por sua vez, é um trabalho de maior afinidade para a cantora. “Eu canto pela consequência de expor o que eu acredito e escrevo”, comenta, explicando ainda que traz para seus trabalhos as sonoridades que fazem parte do seu cotidiano.
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Ainda que hoje se aventure nos mais variados ritmos, foi a partir de um disco de Elis Regina que foi tocado aos seus 12 anos em uma vitrola encontrada no lixo pelo seu pai que Smith se encantou pela música. “Eu descobri que existia alguém que se entregava em cada frase. Então há quatro anos quando decidi seguir esse caminho eu não pulei de cabeça, eu me afoguei”, brinca.
E desta grande imersão, Kell Smith já tem um futuro projetado: “Quero muito cantar essas músicas para as pessoas, quero continuar fazendo mais música”, comenta também revelando seu sonho de fazer parcerias com Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil. “Quero que se multiplique a arte. A música é um movimento que vai além do que vemos”, completa.