Grande vencedor da última edição do Festival de Brasília, “Arábia” é um filme que se incumbe de enxergar o extraordinário no prosaico, no ordinário, mas o faz com uma contenção que o aparta do cinema que se pretende monumental, catártico como “Forrest Gump – O Contador de Histórias” (1994), por exemplo.

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Cena de Arábia, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (2)
Divulgação
Cena de Arábia, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (2)

 Aqui os diretores Affonso Uchôa e João Dumans focam em Cristiano (Aristides de Souza), um sujeito que deixa a prisão e tenta se ressocializar, viver sua vida. “Arábia” começa no momento da morte do protagonista e se constrói sobre suas memórias, contidas em uma espécie de diário lido pelo filho da enfermeira do hospital em que Cristiano morreu.

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O filme de Uchôa e Dumans se desvela como um bom livro. O registro difere de tudo que vem sendo feito na produção cinematográfica nacional. A composição de Aristides é bastante naturalista e se completa com o off que norteia não só as expressões do personagem e sua relação com o mundo, como o olhar que o público dispensa a tudo que vê.

“Arábia” fala da tragédia do banal. Da epopeia dos desassistidos. É um filme que ganha força dramática justamente por essa descompressão de expectativas e de objeto. Cristiano é uma estatística que ganha relevo em um filme que pretende olhar o Brasil e o brasileiro de uma maneira completamente fora da caixa.

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O clamor à sensibilidade do olhar dispensado por “Arábia” é o que o filme tem de mais rico, e cativante, a oferecer. Qualidade essa que já configura a obra como um dos grandes momentos da dramaturgia brasileira em 2018.

O longa estreia comercialmente nos cinemas de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Fortaleza e outras grandes cidades brasileiras nesta quinta-feira (5).

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