É pacífico que a segunda grande guerra é um dos temas mais explorados pelo cinema . É quase que uma responsabilidade social de cineastas e produtores de manter o tema vivo e relevante para as diferentes plateias do mundo. Neste contexto, é sempre digno de nota quando um filme consegue acampar um ponto de vista novo, arejado e ainda assim pungente. É o caso do húngaro "1945".

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Cena do filme 1945, novidade do circuito arthouse nos cinemas brasileiros
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Cena do filme 1945, novidade do circuito arthouse nos cinemas brasileiros

O filme de Ferenc Török se assenta na mesma lista do austríaco "Os Falsários" (2007), do polonês "Ida" (2013) e do também húngaro "O Filho de Saul" (2015). Mas "1945" esteticamente é mais ambicioso do que todos os supracitados.

Tal como "Ida", o filme se vale de uma fotografia em preto e branco poderosa para alinhavar conflitos que são mais sugeridos do que encenados. Trata-se de um filme que muda de ritmo e tom e com isso provoca sua audiência. Mas não é um filme de ação, ainda que não seja necessariamente de observação.

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A história de "1945"

Um judeu ortodoxo e seu filho retornam a um vilarejo na Hungria , portando caixas misteriosas, enquanto os moradores se preparam para o casamento do filho do tabelião da cidade. Os habitantes - desconfiados, cheios de remorso e temerosos - esperam o pior e agem dessa forma. O tabelião teme que os homens possam ser herdeiros dos judeus deportados do vilarejo, representando uma ameaça às propriedades e bens que ele adquiriu ilegalmente durante a Segunda Guerra Mundial.

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Cena do filme 1945

Como a sinopse sugere, eis um filme que trata dos efeitos da barbárie em um grau distinto do que o cinema costuma se debruçar. A ideia de Török é falar do alcance da guerra e de como ela transforma vidas e expectativas de pessoas que não estão nela envolvidas diretamente. É um esforço artístico louvavél este de analisar a conivência com o mal, com a tragédia. E um esforço notável, também, do ponto de vista pedagócico e sócio-cultural.

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"1945" integrou a mostra Panorama do Festival de Berlim em 2017 e estreia em dez capitais brasileiras nesta quinta-feira (5) São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador são algumas delas.

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