É só ter pensamentos felizes e voar! E ele voou, bem alto inclusive. A ambiciosa versão do musical "Peter Pan" se tornou realidade – após dois anos de pré-produção. A Terra do Nunca foi ambientada no palco do Teatro Alfa, em São Paulo, e o público se depara em cada sessão com um espetáculo cheio de encantamento, magia e diversão. O elenco, a técnica de voo, o cenário, as coreografias, tudo está em perfeita sintonia e merece destaque.
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A história do menino que não queria crescer foi inspirada no texto de J.M. Barrie, que contempla fadas, piratas, índios, sereias e meninos perdidos que vivem em uma terra encantada. Tudo muda quando os irmãos Darling chegam por lá voando, graças ao pó de pirlimpimpim, a convite de Peter Pan – que é vivido pelo ator Mateus Ribeiro, que cumpre com exímio talento a difícil missão de viver o protagonista do musical.
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Ele canta, dança, interpreta, faz acrobacia, sapateia e ainda por cima voa e o detalhe que mais chama atenção de quem assiste é que o ator faz tudo isso parecer extremamente simples. “O mais difícil é fazer tudo ao mesmo tempo, sem parecer que estou fazendo esforço”, afirma Ribeiro que, em seu primeiro protagonista, encara uma personagem que, na Broadway, costuma ser interpretado por mulheres.
A escolha foi certeira, mas o jovem ator fez por merecer. Assim que soube que teria a montagem do musical no Brasil, passou a fazer ginástica artística e treinar as principais músicas do espetáculo. “Queria chegar no teste e mostrar que já estava pronto para o papel”, conta. Ele também estudou muito sobre a história e durante o processo foi se encantando com o líder dos meninos perdidos. “O Peter não é um garoto incrível, ele é cheio de problemas e você gosta dele justamente por conta disso. Se fosse um menino totalmente perfeito, as crianças que viessem assistir pensariam: ‘nossa que menino chato’, e não se identificariam com ele.”
Retorno de Daniel Boaventura
Outro destaque é o cômico vilão Capitão Gancho, que está sendo encenado com maestria pelo ator e co-produtor da parte artística do espetáculo Daniel Boaventura. Ele retorna aos palcos depois de anos se dedicando a televisão, ao cinema e aos seus shows solo – que fizeram grande sucesso e lotaram sua agenda. Porém, a saudade dos musicais bateu mais forte e ele decidiu retornar em grande estilo. “Meu último trabalho foi em 2013, com ‘A Família Addams’. Quando recebi o convite, pensei: ‘Se é para retornar, que seja com o vilão mais famoso das histórias infanto-juvenis’. Está sendo uma delícia”, revela ao iG Gente .
Para o público, vê-lo em cena também está sendo uma delícia. Boaventura consegue com o humor tornar o grande vilão da história uma figura divertida e leve que agrada crianças e adultos. O Gancho ganhou um tom histriônico e o experiente ator vai do agudo ao grave com facilidade, deixando o pirata ainda mais dinâmico e engraçado. Fora isso, ele aproveita algumas brechas no texto para fazer improvisos.
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“Os trejeitos, as nuances, tudo foi surgindo com os ensaios. Existe uma tentação em querer improvisar, mas eu procuro obedecer ao máximo possível o texto, mas quando tem uma brecha e vejo que dará certo, eu improviso, porque o Gancho pede isso e as crianças querem interagir com ele”, explica Boaventura que protagoniza ótimas cenas com o talentoso ator Pedro Navarro, que interpreta Smee, o principal parceiro do capitão.
Já a companheira de Peter, Wendy, é vivida pela atriz Bianca Tadini, também versionista do musical, que encanta em cena com sua bela voz. Os meninos perdidos dão força ao espetáculo, pois conseguem ser desajeitados em perfeita sintonia. O responsável pela direção é o exigente José Possi Neto, que participou de cada etapa do processo de criação e continua acompanhando de perto as sessões do musical para garantir que o espetáculo não perca o nível e o ritmo.
Coreografia é um dos pontos fortes
O musical conta com agradáveis músicas, efeitos especiais, cenários imponentes, voos pela plateia, mas uma das coisas que mais tem deixado o público extasiado é coreografia montada por Alonso Barros – principalmente na cena “Uga Uga”, que é apresentada no segundo ato. São quase seis minutos de dança que está fazendo a plateia aplaudir de pé em algumas sessões.
“Quisemos criar algo totalmente novo, logicamente que assisti ao musical da Broadway, é sempre uma referência. Mas junto com o maestro Carlos Bauzys conseguimos rearranjar diversas músicas e o ‘Uga Uga’ inteiro”, relata o coreógrafo. “Com o andamento do número e quando foi ficando pronto, eu imaginei que seria bem aceito, mas não esperava essa reação. A plateia de musicais é entusiasta, mas não tão entusiasta assim”, brinca.
Dos palcos para as telas de cinema
Quem primeiro sonhou com esse grande projeto foi a produtora Renata Borges, da Touché Entretenimento, que, após produzir “Ciderella, O Musical”, adquiriu na Broadway os direitos autorais de "Peter Pan".
“É um dos musicais mais mágicos para mim porque é uma das histórias mais atemporais e o conto mais famoso do mundo que tem um vilão tão adorado. Ele mexe com a magia e é um trabalho que honro de entregar com qualidade internacional”, expõe a produtora que também conta que ouviu da diretora de voo, a americana Andrea Gentry, que essa é a melhor e maior produção desse musical no mundo. “Isso só me deixa feliz.”
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"Peter Pan" segue em cartaz por quatro meses em São Paulo. Depois segue para uma temporada no Rio de Janeiro, estreando por lá em 12 de outubro, Dia das Crianças. Fora isso, existe um promissor projeto que vai agradar, e muito, os fãs de teatro musical espalhados pelo País. “Estamos estudando um modo de levar o conteúdo (a gravação do musical) para os cinemas para que ele possa chegar a cidades em que não conseguimos montar o espetáculo por não possuir teatros que comportem essa grande produção”, revela Renata com exclusividade ao iG Gente .