Depois de estrelar em filmes que receberam reconhecimento mundial – inclusive da Academia De Ciências e Artes Cinematográficas dos Estados Unidos – como “Lincoln” (2012), “Django Livre” (2012) e "Os Oito Odiados" (2015), o ator Walton Goggins agora estrela em “ Tomb Raider: A Origem ”, um trabalho inspirado nos jogos de videogame de Lara Croft que estreou na última quinta-feira (15) nos cinemas brasileiros. Na história, a heroína busca resolver o desaparecimento do seu pai em uma jornada em busca de um túmulo lendário em algum lugar da costa do Japão.

Walton Goggins interpreta Mathias Vogel em adaptação cinematográfica de videogame
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Walton Goggins interpreta Mathias Vogel em adaptação cinematográfica de videogame


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Interpretando Mathias Vogel, Walton Goggins  falou sobre o processo de realização desse filme e revelou um pouco mais sobre os seus bastidores. Confira a entrevista exclusiva completa:

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Antes de se envolver no filme “Tomb Raider: A Origem”, você teve alguma experiência com alguma franquia de videogame que te inspirou ou alguma referência para o fenômeno que isso era?  

A resposta é sim. Mas a minha experiência com videogames começou e terminou com “Pac Man”, “Donkey Kong” e “Galaga” [risadas]. Eu cresci em uma época quando os vídeo games realmente não eram parte da minha cultura – e nós também não conseguíamos financiar isto. Então, eu nunca joguei o jogo “Tomb Raider”. Mas quando eu compartilhei as novidades com as minhas sobrinhas, sobrinhos e afilhados, de repente eu me tornei um ícone aos seus olhos. Para eles, a minha associação com Lara Croft me fez um herói – ainda que eu esteja interpretando um antagonista [risadas].

De alguma forma, eu acho que foi bom para esse filme ter um ator principal que incialmente não estava familiarizado com a personagem de Lara Croft ou suas aventuras nos jogos. Quando estava lendo o roteiro, eu não estava influenciado por seu legado ou senti alguma pressão para sustentar a visão que a audiência pode esperar. Desse modo, minhas motivações poderiam ser puras.

O que você pode nos dizer sobre o seu personagem, Mathias Vogel, e como você se conectou com ele como ator?

Mathias é um homem que está procurando o lendário túmulo da Rainha Himiko por sete anos, sem nenhum sucesso. Ele tem não possui nenhum sonho de mudar o mundo. Ele não está interessado no fato que sua descoberta tem um potencial de desencadear ameaças além da imaginação. É apenas um trabalho para ele, e ele quer que o trabalho termine. O momento brilhante é uma chegada inesperada. De algumas formas, Mathias está temeroso a respeito do que pouso na sua porta na forma de Lara Croft. Ele está sobrecarregado por sua presença. E então sua jornada começa. 

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Vogel busca túmulo há sete anos em filme

Eu pensei que essa ideia era ousada, diferente e tridimensional. Era algo em que eu poderia me envolver bastante e contribuir para a história que nós gostaríamos de contar. A necessidade de Mathias de ir em frente com a sua vida é uma grande parte de quem ele é, o que de alguma forma, eu acredito que é ainda mais destrutivo que pura perversidade. Ele não está no começou ou no ápice de sua jornada. Você vai conhecer um cara na quarta-feira da sua semana mais longa. Mathias está exaustado e tem algumas opiniões. Tenho certeza que houve entusiasmo e paixão no início de sua procura, mas no momento que nos encontramos em “Tomb Raider: A Origem”, ele não está cheio de potência e vigor.

Eu acho que o público não está mais interessado em antagonistas unidimensionais. Eu tenho sorte de ter feito parte de algumas histórias que apresentavam adversários multi-dimensionais, começando com o meu papel na televisão na série “The Shield – Acima da Lei”. Então, retratar Mathias foi muito satisfatório para mim como ator e eu espero que seja satisfatório para a audiência.  

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O que você pensa que Alicia Vikander traz para o legendário papel de Lara Croft e o que você achou de trabalhar com ela?

Eu acho que Alicia é uma das grandes atrizes da nossa geração. Ela tem um talento especial. E enquanto eu conhecia Alicia socialmente, eu estava tão ansioso para atuar com ela e eu não fiquei desapontado. A experiência foi do jeito que eu esperava que fosse. A verdade é que Alicia é maravilhosa e eu aplaudo o seu incrível compromisso em atuar como Lara Croft. Eu tenho sido muito sortudo durante a minha carreira por ter realmente uma boa química com diferentes tipos de pessoas. E trabalhar com Alicia era tudo o que eu esperava que fosse.

Você pode falar sobre a dinâmica que nós veremos desdobrar entre Mathias e Lara Croft?

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Walton Goggins e Alicia Vikander em cena de "Tomb Raider: A Origem"

É complicado com Walton e Alicia em tela, e é complicado - e muito emocionante - quando Mathias e Lara estão na tela juntos. Há muita coisa entre eles. O que eu acho que irá surpreender a audiência é que eles irão conhecer um cara, Mathias Vogel, que não tem muita informação. Ele é encarregado de encontrar essa tumba e ele sabe apenas um pouco sobre o que pode ter dentro dela. Mathis tem duas filhas que ele não vê há sete anos. De repente, uma jovem mulher – Lara Croft – aparece e ela tem a mesma idade que uma de suas filhas. Para Mathias, é lindo, triste e estimulante poder apenas falar com alguém diferente e estar próximo da juventude e de alguém que lembra ele a sua própria família. Então, de alguma forma, sua chegada é a resposta para as suas orações, tanto negativamente quanto positivamente.

O que você achou da experiência de filmar na África do Sul, entre o que parecia um terreno acidentado?

Eu cresci nessas condições. Filmar na África do Sul e ter experienciado sua cultura foi uma experiência fantástica. Eu tenho dedicado minha vida a viajar e me deixar submerso em outras culturas. Quando eu não estava trabalhando, eu saia e fiquei quase três semanas viajando por toda a África do Sul e Namibia. Eu fiquei cinco dias com a tribo Himba na fronteira com a Angola e depois fiz o meu caminho para o sul da Namibia e depois saltei para Moçambique para fazer um mergulho. Então, as condições em “Tomb Raider: A Origem” estavam longe de ser desafiadoras. Foi como me deixar numa boa [risadas].

Tem algum aspecto específico da cultura da África do Sul e o país em si que tenha te chamado atenção?

Eu realmente compreendi os efeitos do apartheid. A luta dos sul-africanos é uma história viva. Eu conheci pessoas que dirigiam escolas de culinária nos municípios. Eu fiquei dez dias em um safari no norte da África do sul e fiquei algum tempo com as pessoas de Shangani nos seu vilarejo. Eu também visitei um orfanato para crianças e outro para adolescents e curti um momento com eles. Eu fiquei profundamente tocado pela sua força e inspirado pela sua determinação. Foi incrível. Eu me apaixonei por este país e essas pessoas.

Você trabalhou com alguns cineastas maravilhosos durante a sua carreira. Como foi trabalhar com o diretor norueguês Roar Uthaug, que está fazendo o seu primeiro filme de estúdio nos Estados Unidos com “Tomb Raider: A Origem”?

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Roar Uthaug em set de gravação

Eu acho que o filme norueguês de Roar, “A Onda” é extraordinário. Eu estava tão tomado com a habilidade de transmitir o que estava acontecendo com esta cidade, família e comunidade de uma forma muito visceral. Roar fez um trabalho excelente visualmente em levar o público para uma experiência da antecipação de uma ocorrencia natural catastrófica. Eu pensei ‘Wow, mal posso esperar para conhecer esse cara’. Então, em uma maravilhosa conversa que tivemos via FaceTime, eu descobri que Roar não apenas entendeu minha opinião sobre Vogel, como encorajou e apoiou ela. Eu queria fazer tudo que eu poderia para ajuda-lo a realizar sua visão de “Tomb Raider: A Origem”. Ele fez um trabalho incrível.

O que você espera que o público experience quando veja “Tomb Raider: A Origem” no cinema?

Nós queremos honrar o lugar dessa jovem mulher, Lara Croft, na imaginação das pessoas ao redor do mundo. Então, seja você fã do videogame “Tomb Raider” ou da personagem, eu espero que você  aprecie a paixão por trás da interpretação de Lara Croft.

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