Em tempos de representatividade , os filmes, principalmente os que têm como objetivo se tornar um “blockbuster”, são analisados por um microscópio. O pedido por mais mulheres na indústria cinematográfica é genuíno e as grandes franquias ainda tem que provar que podem equilibrar a balança. “Star Wars”, por exemplo, tem personagens femininas importantes, que são complexas e relevantes para a trama, mas por trás das câmeras não há mulheres na direção ou assinando o roteiro da franquia, seja nos filmes originais ou paralelos, como “Rogue One”. “Tomb Raider”, que estreia essa semana, tem a chance de trazer de volta uma icônica personagem, sob essa nova perspectiva.
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A personagem principal não é bem uma novidade. “ Tomb Raider : A Origem” é um reboot do original de 2001, estrelando Angelina Jolie , que por sua vez era uma adaptação do videogame. No controle, a personagem estava sozinha em meio a milhares de jogos protagonizados por homens, o que faz a existência de Lara Croft nos games por si só já ser uma vitória. A adaptação para as telonas também foi um grande passo, considerando os poucos filmes de ação até então protagonizados por mulheres.
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Mas, por trás das câmeras a situação era outra: os créditos de produção, roteiro, direção e fotografia são todos masculinos. Além disso, Croft não tinha muito contato com mulheres e o resto do elenco era formado principalmente por homens. Com o novo filme, a produção tinha a oportunidade de mudar esse cenário, mas não o fez. Além do crédito no roteiro para Geneva Robertson-Dworet , a equipe e elenco são formados principalmente por homens. O parceiro de Croft (agora interpretada por Alicia Vikander ) é o ator Daniel Wu e seu antogonista é interpretado por Walton Goggins.
Objetificação
Na nova versão, Lara Croft sai em busca do pai e vai parar numa ilha onde dá de cara com Mathias Vogel (Goggins), além de muitos outros homens. A atriz foi perguntada sobre a falta de mulheres no elenco e admitiu que achou a decisão “questionável”. Porém, de acordo com Geneva, a ideia de ter só homens na ilha partiu da própria Vikander. Em entrevista para o New York Times, a roteirista contou que o roteiro original tinha mulheres e homens na ilha, mas a atriz sugeriu que fossem apenas homens, aumentando o drama por ser a única mulher num lugar cheio de homens desesperados. “Essa é uma conversa interessante”, comentou Robertson-Dworet. “Queremos mais rostos femininos na tela e ponto? Ou é melhor para a jornada da personagem que ela esteja nesse lugar ameaçador somente com homens?”, questionou.
Além disso, em outra ocasião, a roteirista comparou a versão atual com os filmes de Jolie, citando cenas claras de objetificação. Durante a premier de “A Origem” em Los Angeles, a autora comentou: “no primeiro, eu duvido muito que a Angelina Jolie tenha pedido por isso. Tem uma cena em que ela está tomando banho e meio que se esfregando”, comentou. “Nós realmente queríamos nos distanciar disso e focar na Lara quebrando tudo”, esclareceu.
As duas Croft
Estrela em ascensão em Hollywood, Jolie tinha acabado de ganhar um Oscar quando foi escolhida para o papel da heroína. Na época envolta em polêmicas, ela era considerada uma “outsider” na indústria, fazendo as coisas como lhe convinham. Apesar de não ter sido um sucesso de crítica, o filme foi bem o bastante nas bilheterias para ganhar uma continuação. O resto de sua carreira nós já conhecemos: papeis cada vez mais selecionados, e uma carreira intercalada com seu trabalho na direção.
Vikander está em uma rota similar, depois de ganhar também um Oscar. Ela, porém, nunca foi protagonista de um filme e tem a missão de substituir uma personagem muito querida pelos fãs de games. “Eu acho que a maneira como ela era retratada nos anos 90 envelheceu muito”, comentou a atriz durante o painel da CCXP em 2017. “ Tomb Raider : A Origem” estreia nessa quinta-feira (15) em todo o Brasil.
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